Economia
CMN decide mudar o sistema de metas e define em 3% o alvo para a inflação em 2026
‘Adotaremos meta contínua a partir de 2025’, informou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad
O Conselho Monetário Nacional decidiu mudar o regime de metas de inflação, que passará a ser contínuo a partir de 2025. Conforme a regra atual, adotada em 1999, a meta leva em consideração o índice estabelecido a cada ano. A alteração foi anunciada pelo ministro Fernando Haddad (PT) na tarde desta quinta-feira 29, após a reunião do CMN.
“Eu já tinha manifestado minha simpatia por uma mudança desse padrão, que só se verifica em dois países, dentre os quais o Brasil. Adotaremos meta contínua a partir de 2025. Decidimos manter a meta à luz dos indicadores econômicos”, afirmou o petista.
O ministro ainda informou que o conselho manteve as metas de inflação em 3,25% para 2023 e 3% para 2024, 2025 e 2026, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Com reuniões mensais, o CMN é composto, além de Haddad, pela ministra Simone Tebet (Planejamento) e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Haddad afirmou ainda que a projeção para a inflação em 2025 está praticamente no patamar de 3% e que Campos Neto informou que projeção do banco para o mesmo ano está em 3,1%. “A mudança no ano-calendário é fundamental para o futuro do País. O Brasil estará em sintonia com demais países do mundo”, acrescentou.
Com a alteração no regime de metas, o ministro disse existir grande expectativa do governo em cortes na taxa básica de juros a partir de agosto. O índice, que está em 13,75% ao ano, é alvo de críticas constantes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A projeção de Haddad sobre a Selic se dá pelo fato de que o principal objetivo do BC ao definir a taxa é seguir a meta de inflação, definida pelo CMN.
“Estou convencido que não podemos conviver com essa taxa de juros. Estamos falando de 13,75% contra uma inflação projetada para 2025 de 3,1%. Eu não estou falando de política, estou falando de matemática”, acrescentou Haddad, ressaltando que a mudança traz “tranquilidade” à política monetária.
Plano Safra 2023/24
Durante a reunião, o CMN ainda tratou do direcionamento à vista, da poupança e das Letras de Crédito Agropecuário a fim de ampliar as verbas disponíveis para o agronegócio. A linha de crédito foi lançada pelo Ministério da Agricultura na última terça-feira 27.
De acordo com Haddad, o conselho aprovou por unanimidade a forma de financiamento prevista pelo governo. O ministro, porém, não detalhou os termos da discussão.
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