Economia

China e EUA anunciam acordo histórico contra o aquecimento global

Compromisso firmando entre Xi Jinping e Barack Obama pode fazer avançar as decisivas negociações climáticas previstas para 2015, em Paris

Barack Obama e o chinês Xi Jinping
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Por Jérôme Cartillier

Os dois maiores emissores de gases que provocam o efeito estufa no planeta, China e Estados Unidos, anunciaram na quarta-feira 12 um acordo “histórico”. O presidente americano Barack Obama e o chinês Xi Jinping se comprometeram em Pequim a avançar nas negociações climáticas, um ano antes da conferência do clima de Paris, da qual se espera um acordo global.

O acerto foi recebido com alívio pelos cientistas, mas com ceticismo pelos republicanos americanos, que o consideram uma ameaça à criação de empregos. Para Obama este é um “acordo histórico” e o “maior marco nas relações” entre os dois países. “Concordamos em assegurar que as negociações sobre a mudança climática alcançarão um acordo em Paris”, afirmou Xi.

As tentativas de alcançar um acordo contra o aquecimento global, sobre o qual os cientistas alertam que o planeta está próximo de um ponto catastrófico sem retorno, foram bloqueadas até agora pela falta de vontade da China e dos Estados Unidos de trabalharem juntos no problema.

Esta é a primeira vez que a China estabelece como objetivo alcançar o teto nas emissões “por volta de 2030”, com a intenção de “tentar atingi-lo um pouco antes”. Até agora, o país sempre mencionava “o mais rápido possível”.

Obama, que enfrenta uma reação que vai do ceticismo à negação total do aquecimento global no Congresso americano, se comprometeu a reduzir entre 26% e 28% as emissões até 2025, na comparação com os níveis de 2005. “Temos uma responsabilidade especial para liderar o esforço mundial contra a mudança climático”, disse Obama em uma entrevista coletiva conjunta com Xi. “Esperamos estimular todas as economias para que sejam mais ambiciosas”, disse.

China e Estados Unidos, que produzem juntos quase 45% do dióxido de carbono mundial, serão vitais para garantir um acordo mundial no próximo ano para reduzir as emissões depois de 2020 e limitar o aquecimento global a 2°C.

A comunidade internacional estabeleceu a meta para evitar problemas em grande escala no clima, o que significaria uma redução dos recursos, conflitos, a elevação do nível dos oceanos e a extinção de espécies, entre outros efeitos nocivos. Mas o tempo é cada vez mais curto, já que segundo os cientistas as medidas adotadas pelos países são insuficientes para limitar a dois graus o aumento da temperatura global.

Durante muito tempo, os dois países trocaram acusações para não reduzir as emissões dos gases que provocam o aquecimento do planeta. Depois que reunião de cúpula do clima de Copenhague de 2009 esteve a ponto de terminar em um grande fracasso, mas que foi salva no último minuto graças a um entendimento entre Obama e as autoridades chinesas da época, Washington e Pequim começaram a trabalhar no acordo anunciado nesta quarta-feira.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, chamou o acordo China-EUA de “importante contribuição” à luta mundial contra o aquecimento global. “É uma importante contribuição ao novo acordo sobre o clima que deve ser assinado no próximo ano em Paris”, disse Ban. “Peço a todos os países, e sobretudo às grandes economias, que sigam o exemplo da China e dos Estados Unidos”, completou.

Christiana Figueres, secretária da Convenção Marco da ONU sobre a Mudança Climática, aplaudiu o anúncio que dá “uma empurrão prático e político” às negociações.

O Instituto de Recursos Mundiais, um grupo de defesa do meio ambiente com sede nos Estados Unidos, considerou o acordo Obama-Xi um avanço importante, que abre um novo período. Entretanto, noa parte das ações de Obama para combater as mudanças do clima aconteceram com decretos presidenciais, sem tanta cooperação dos congressistas.

O prazo estabelecido por Obama com o novo compromisso é de pelo menos uma década, mas ele tem apenas mais dois anos de presidência. Agora ele enfrenta a oposição republicana em maioria na Câmara e no Senado, o que tornará ainda mais difícil aprovar qualquer lei de defesa do meio ambiente. O novo líder republicano do Senado não demorou a reagir ao acordo. “Este é um plano pouco realista, que o presidente quer deixar para o sucessor”, disse Mitch McConnell. Para o republicano, o plano afetará a criação de novos postos de trabalho e o custo da energia.

A União Europeia, que representa 11% das emissões de gases do efeito estufa, se comprometeu no mês passado a reduzir em pelo menos 40% as emissões até 2030, na comparação com os níveis de 1990.

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