Economia

Cappelli: Tarifa de 50% não terá impacto estratégico na economia brasileira

A CartaCapital, o presidente da ABDI também criticou a família Bolsonaro e defendeu a prisão de Eduardo

Cappelli: Tarifa de 50% não terá impacto estratégico na economia brasileira
Cappelli: Tarifa de 50% não terá impacto estratégico na economia brasileira
Foto: Carl de Souza/AFP
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Na quarta-feira 9, o presidente Donald Trump anunciou que a tarifa de 50% sobre importações brasileiras entrará em vigor a partir de 1º de agosto. Como justificativa para a medida, Trump recorreu a meias-verdades: citou o processo contra Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal e alegou um suposto déficit na balança comercial com o Brasil.

A realidade, no entanto, contradiz o discurso do republicano. Em 2024, o Brasil importou mais dos Estados Unidos do que exportou, gerando um saldo positivo de 253 milhões de dólares para os norte-americanos. Dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostram que, desde 2009, o Brasil acumula déficits comerciais com os EUA que somam 90,2 bilhões de dólares até junho deste ano.

Diante desse cenário, o presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, pondera os efeitos do tarifaço. Haverá um baque na indústria nacional, afirma ele, mas não um impacto estratégico sobre a economia.

“O comércio exterior do Brasil com os Estados Unidos representa cerca de 12% do total”, explica Cappelli. “É um parceiro importante, mas não decisivo. O Brasil e as empresas brasileiras têm mecanismos para ajustar suas exportações e contornar essa questão.”

No ano passado, os EUA responderam por 12% das exportações brasileiras e por 15,5% das importações. A China, para efeito de comparação, importou 94,3 bilhões de dólares do Brasil (28% do total) e exportou 63,6 bilhões (24%) para o país — um saldo amplamente favorável a Brasília.

Cappelli defende prudência diante do anúncio de Trump, conhecido por suas idas e vindas na guerra comercial desde o início do mandato: “É preciso ter firmeza, mas também equilíbrio, sangue frio e uma visão pragmática.”

“O País não pode ser refém do extremismo”

No plano político, Cappelli aponta outro front de preocupação: o Brasil segue sob ataque da família Bolsonaro, especialmente com a aproximação do julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado.

“O País não pode ficar refém do extremismo, de ações tresloucadas de uma família que cometeu crimes e está desesperada, com medo de ir para a cadeia”, afirma.

Após o anúncio da nova tarifa, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) — investigado no STF por tramar nos Estados Unidos contra autoridades brasileiras — sugeriu que uma “saída institucional” para evitar a escalada do conflito seria o Congresso aprovar uma “anistia ampla, geral e irrestrita, seguida de uma nova legislação que garanta a liberdade de expressão”.

Para Cappelli, a declaração reforça a gravidade do momento: “Há elementos de sobra para decretar a prisão preventiva de Eduardo Bolsonaro por crime de lesa-pátria, por alta traição nacional. Esse episódio pode ser esclarecedor para a sociedade brasileira. O País não pode ficar submetido aos caprichos de uma família radical e criminosa.”

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