Economia
Senado aprova indicações de Lula para diretorias do Banco Central
A elevação da taxa de juros e o controle da inflação estiveram no centro da sabatina na comissão


O plenário do Senado Federal aprovou, na tarde desta terça-feira, a a indicação de Nilton José Schneider, Izabela Moreira Correa e Gilneu Astolfi Vivan como novos diretores para o Banco Central. Com o aval dos parlamentares, os três assumem os novos cargos a partir de janeiro de 2025.
Mais cedo, eles tinham sido aprovados pela Comissão de Assuntos Econômicos da Casa. Na sabatina, os candidatos defenderam a política de controle da inflação adotada pela autoridade monetária.
Eles foram aprovados para as seguintes diretorias:
- Nilton José Schneider, para a Diretoria de Política Monetária, aprovado por 50 votos a 3;
- Izabela Moreira Correa, para a Diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, aprovada por 48 a 3; e
- Gilneu Astolfi Vivan, para a Diretoria de Regulação, aprovado por 53 a 3.
A elevação da taxa de juros e o controle da inflação estiveram no centro da sabatina na CAE. Parlamentares governistas e da oposição questionaram os indicados sobre a evolução da Selic, que saiu de 10,5% em maio para 11,25% em novembro.
O senador Cid Gomes (PSB-CE) classificou o Banco Central de “o grande sabotador da economia nacional”, ao criticar a política de juros. Para ele, a alta da inflação é provocada por uma elevação “especulativa e artificial” no valor do dólar frente ao real.
“O Banco Central está independente do governo, mas completamente dependente do mercado”, afirmou Cid. “Se o dólar está subindo, o que é o razoável? Que o Banco Central, titular de todas as reservas cambiais nacionais, coloque dólar à venda. Eu quero ver quem vai especular contra o Banco Central brasileiro, que tem hoje 370 bilhões de dólares de reservas. Esse dólar é artificial, provocado pelo Banco Central.”
Para Schneider, o mundo vive “um momento desafiador”, que exige do BC “um olhar atento à política econômica”.
Ele reconheceu que as reservas internacionais “formam a primeira linha de defesa” do Brasil, mas salientou que uma eventual intervenção do Banco Central no câmbio não seria capaz de interromper a alta da moeda norte-americana a longo prazo.
Gilneu Astolfi afirmou que o País enfrenta um ciclo inflacionário. De acordo com ele, no entanto, o Comitê de Política Monetária do BC “tem enfatizado seu firme compromisso com a convergência da inflação à meta”.
Izabela Correa também defendeu o controle da inflação como um das missões do BC. “É o exercício de direitos e deveres que permitem ao cidadão fazer uma gestão adequada de seus recursos. Ao longo dos últimos anos, o Banco Central criou diversas iniciativas para educar e conscientizar cidadãos e clientes acerca de seus direitos e deveres. O BC tem se aproximado cada vez mais do cidadãos brasileiros.”
(Com informações da Agência Senado)
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