Economia

Brasil bate recorde em exportação de carne bovina, mas tarifaço planta incerteza

A Abrafrigo já projeta prejuízos em relação ao mercado norte-americano

Brasil bate recorde em exportação de carne bovina, mas tarifaço planta incerteza
Brasil bate recorde em exportação de carne bovina, mas tarifaço planta incerteza
Donald Trump. Foto: Mandel NGAN / AFP
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O setor frigorífico brasileiro fechou o primeiro semestre de 2025 com bons números em exportação, em meio à tensão com possíveis perdas decorrentes das novas medidas protecionistas dos Estados Unidos.

Em junho, o Brasil alcançou o maior volume de exportações de carne bovina já registrado: 341.555 toneladas, superando em 40,8% o desempenho do mesmo período de 2024 e ficando 7% acima do antigo recorde, de outubro do ano passado. A receita acompanhou o crescimento, saltando de 970,7 milhões para 1,505 bilhão de dólares.

Divulgados nesta quinta-feira 17, os dados foram compilados pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), com base em informações da Secretaria de Comércio Exterior.

No acumulado dos primeiros seis meses deste ano, as vendas de carne e subprodutos bovinos para o exterior movimentaram 1.690.229 toneladas, alta de 17,3% frente às 1.440.439 toneladas de 2024.

A receita total do semestre, por sua vez, chegou a 7,446 bilhões de dólares, um crescimento de 28% em comparação aos 5,820 bilhões do período anterior.

China lidera

No primeiro semestre, as compras chinesas totalizaram 631.907 toneladas, aumento de 11,3% sobre as 567.683 toneladas de 2024. Em valores, o salto foi de 2,516 bilhões para 3,204 bilhões de dólares, crescimento de 27,4%. A China é o principal destino da carne brasileira.

O preço médio pago pelos chineses também subiu, passando de 4.433 dólares por tonelada para 5.071. Atualmente, Pequim concentra 43% da receita brasileira com carne bovina e 37,4% do volume total exportado.

Incerteza comercial deixa bom desempenho com os EUA em segundo plano

Na segunda posição de compradores, os Estados Unidos também registraram uma expansão. O volume de importações cresceu 85,4%, alcançando 411.702 toneladas no semestre, enquanto a receita praticamente dobrou, com alta de 99,8% para 1,287 bilhão de dólares.

Com esses montantes, a participação norte-americana é de 24,4% do volume e de 17,3% da receita das exportações brasileiras. As boas notícias, porém, param por aí.

Com o anúncio de que os EUA aplicarão 50% de tarifa aos produtos brasileiros a partir de 1º de  agosto, o impacto das medidas protecionistas de Washington já são perceptíveis. Segundo a Abrafrigo, frigoríficos passaram a relatar cancelamentos de pedidos por parte de clientes norte-americanos.

A entidade estima perdas de 1,3 bilhão de dólares apenas no segundo semestre de 2025, caso a sobretaxa entre em vigor. A partir de 2026, as perdas anuais podem atingir pelo menos 3 bilhões de dólares. A associação baseia suas estimativas no desempenho das exportações no primeiro semestre.

A entidade também diz que o tarifaço pode fazer com que os impostos pagos por toneladas de carnes e subitens bovinos saltem de 111% a 384%. Na prática, isso inviabilizaria a venda para o mercado norte-americano.

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