Economia

Bolsonaro nos levou ao fundo do poço, diz ex-vice-presidente do Banco Mundial

Ciclo de preços das commodities não é suficiente para ‘arrastar’ o resto do País, aponta o economista Otaviano Canuto

O economista Otaviano Canuto (Foto: Natali Wyson/OECD)
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O jornal britânico Financial Times, porta-voz da City londrina, publicou em editorial, no dia 14 de julho, que “é hora de os investidores enviarem um sinal de US$ 7 trilhões para Brasília de que, a menos que o desmatamento diminua, eles se desfarão dos seus ativos”. A crítica não é nova. O que a diferencia é vir é de um influente porta-voz da comunidade financeira internacional e refletir o que se verifica nos números sobre investimento externo no Brasil: o País deixou de ser atraente para o capital internacional.

E o motivo tem nome, endereço e CPF, como deixa bem claro o economista Otaviano Canuto, que foi professor na Unicamp e na USP, antes de se mudar para Washington, onde percorreu longa carreira como diretor e vice-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial. Hoje, é pesquisador na Brookings Intitution e no Center for the New South e ocasionalmente presta consultoria a investidores, não apenas sobre o Brasil, mas economias emergentes em geral, em particular a China.

A seguir, os principais trechos da conversa com CartaCapital:

CartaCapital: Como você, que há 17 anos convive com especialistas, autoridades e investidores de todo o mundo, vê a imagem do País hoje?

OC: Bolsonaro conseguiu nos levar ao fundo do poço. Um item óbvio é o descaso e a negligência, para se dizer o mínimo, em relação ao desmatamento da Amazônia. Minha mulher é francesa, então vamos à França pelo menos uma vez por ano, e quando estive lá, antes da Covid, já era questionado sobre a atitude de negligência do governo Bolsonaro em relação à Amazônia, cujo desmatamento pode até já ter chegado a um ponto crítico. Um item muito negativo é a desestruturação da fiscalização do Ministério do Meio Ambiente sob a gestão do ex-ministro Ricardo Salles.

Estou aqui, em Washington, há 17 anos, 15 deles pelas instituições multilaterais, viajei oficialmente pelo mundo inteiro, dando palestras, encontrando pessoas interessadas em saber como o Brasil estava conseguindo, lá na primeira década e meia do milênio, reduzir a pobreza com a macroeconomia ajeitada. Fui convidado a falar no Japão, no Quênia, na França, na Grã-Bretanha, nos países escandinavos, a explicar como é que o Brasil lograra pôr ordem na casa macroeconômica e ao mesmo tempo reduzir a pobreza. Não tínhamos crescimento chinês, mas tínhamos uma boa história para contar.

O presidente e a política não inspiram confiança, pode acontecer qualquer coisa. E isso introduz uma variável de risco grande para aplicação no Brasil

CC: E quando, como foi que essa imagem mudou? 

OC: A imagem muda no período mais recente, quando ao invés dessa boa história, nós temos a Amazônia sendo devastada; um presidente que ao falar e agir no que diz respeito à agenda de direitos humanos e direitos sociais emite sinais contrários, e por último, para completar o quadro, a atitude dele durante a pandemia. Há uma perfeita compreensão mundo afora de que o distanciamento social pode ser feito de maneira estrita, compulsória, como fizeram os asiáticos, ou de forma branda, porém o que importa mesmo é a consciência, a adoção de medidas de distanciamento social de modo voluntário por parte das pessoas.

É claro que o distanciamento é difícil para aquelas pessoas cuja ocupação depende de contato social – e esse é o drama da Covid -, mas para isso existem as transferências de renda, para minorar os efeitos do distanciamento sobre essas pessoas. O fato é que a atitude da população faz enorme diferença. E a atitude da população depende muito da atitude das lideranças políticas. Independentemente do meu gosto, do seu gosto ou do gosto de quem quer que seja, muita gente votou no Bolsonaro, e para essa gente ele é uma referência importante, assim como a primeira ministra da Nova Zelândia assim como o ex-primeiro ministro de Israel Benjamin Netanyahu. No Brasil, a atitude do Bolsonaro influenciou muita gente e por isso mesmo teve responsabilidade na velocidade da contaminação.

Isso para não falar atitude que teve com relação à Pfizer, por razões que agora estamos começando a entender por quê. O fato é que -independentemente de qualquer envolvimento direto ou não do presidente, a atitude do governo brasileiro em relação à Pfizer significou retardar a disponibilidade de vacinas. Portanto, todo mundo vê a responsabilidade que o líder político do Brasil teve nesse caso, e isso faz parte da péssima imagem que o Brasil tem hoje. 

CC: E para o lado do investimento? Tivemos vários sinais de queda do interesse pelo Brasil como país receptor de investimento, principalmente o investimento direto. Tem influência a conduta do governo na queda do interesse do investidor pelo Brasil?

OC: No ano passado, houve uma fuga brutal de capitais em todo o mundo. O ponto marcante foi quando o coronavírus apareceu para valer no Norte da Itália. Aí, o mercado financeiro entendeu que a Covid não era um negócio lá da China e alguns vizinhos; que a epidemia era global, provocando um movimento maciço de busca de refúgio no porto seguro dos títulos do Tesouro americano. Só nas três semanas de março a fuga de capitais para os títulos do Tesouro americano foi o equivalente a 100 bilhões de dólares. Nunca se tinha visto uma fuga tão maciça!

Os investidores tiraram seu dinheiro de ações, títulos de dívida corporativa e aplicações nas economias emergentes. Aí, o Fed [o Federal Reserve System, o banco central dos Estados Unidos], reagiu de forma muito contundente, estendendo o afrouxamento quantitativo para além de emprestar dinheiro para bancos e comprar títulos hipotecários, estendendo linhas de crédito diretas, sem intermediação dos bancos. Essa política, de fato, mudou dramaticamente a percepção de risco, e o dinheiro começou a voltar. Mas retornou de modo diferenciado.

É difícil imaginar que se possa arrastar o país todo, um país com mais de 200 milhões de habitantes apenas com o bom desempenho da agricultura, ou do minério de ferro ou do petróleo

Se você observar, Chile, Colômbia e México, cuja taxa de câmbio sofreu brutal desvalorização, em março, lá pela segunda metade do ano já retornara aos níveis pré-pandemia. O Brasil não. O câmbio, no Brasil, não voltou ao patamar pré-pandemia. Permaneceu acima de 5 reais, 5,50 reais. E não por acaso o retorno de recursos não foi tão rápido quanto nesses emergentes. Se for analisar pelos fundamentos, aquilo que estava determinando o nível de taxa de câmbio pré-pandemia, já era para o dólar estar abaixo de 5 reais. O que deteve em grande parte o retorno dos capitais internacionais não foram os juros domésticos, não foi o fato de que o BC brasileiro baixou os juros e nem a gradual normalização da política monetária – embora o juro real ainda esteja negativo. O motivo é a falta de segurança dos investidores.

No ano passado, muitos receavam que o Brasil fosse entrar numa trajetória fiscal explosiva, depois da pandemia, dada a postura de afrouxamento fiscal e monetário do Brasil. E, neste caso, eu afirmo que foi para o bem. A postura do Brasil foi diferente, por exemplo, do México. O México não teve pacote de ajuda emergencial como no Brasil. O AMLO [o presidente Andrés Manuel López Obrador, comumente tratado pelo acrônimo de seu nome], supostamente de centro-esquerda, resolveu, como se diz por aqui “bite the bullet”, morder a bala. Ele não fez um pacote como nós fizemos no Brasil. Tanto que a queda do PIB do México no ano passado foi o dobro da nossa, 8,5% contra 4,1%. Agora, quando ficou claro no Brasil, na virada deste ano, de que houve uma acomodação das despesas extraordinárias acima do teto de gastos, mas sem colocar em risco toda a estrutura, aí o medo diminuiu um pouco e houve o reingresso do investidor estrangeiro. 

O ministro da Economia Paulo Guedes. Foto: Evaristo Sá/AFP

CC: Mas a taxa de câmbio continua em torno de 5 reais. Chegou a ficar abaixo disso por algum tempo em junho, mas já retornou à casa dos 5 reais.

OC: É porque existe essa desconfiança enorme, o ruído é muito grande, o presidente e a política não inspiram confiança, pode acontecer qualquer coisa. E isso introduz uma variável de risco grande para aplicação no Brasil. É bom lembrar, porém, que vinha acontecendo uma reconfiguração no perfil dos ingressos de capital há muito tempo. Não por acaso a presença, hoje, de investidores externos na dívida pública brasileira é bem baixa. De uma maneira ou outra, e por várias razões, a boa notícia é que entramos numa era de juros mais baixos da dívida pública.

A gente viu isso começar em 2015, quando o Brasil perdeu o grau de investimento, e não houve retorno de recursos externos para comprar papel de dívida pública. A expectativa passou a ser o ingresso de capitais para comprar papéis privados na bolsa, títulos de dívida corporativa, ou, eventualmente, investimentos privados em infraestrutura. No entanto, a maior parte disso ainda não se concretizou, ou porque as reformas avançam muito lentamente ou porque esse governo não consegue entregar o que prometeu.

A distância entre o que o Paulo Guedes prometeu na posse e o que entregou é muito grande. Tem uma noticiazinha aqui e ali de que, de fato, voltaram alguns investimentos em saneamento. Todavia, é tudo muito aquém do que seria necessário para que houvesse oportunidade de o capital estrangeiro voltar. Este é um detalhe importante: o que vem, vem com oscilações. Mesmo o dinheiro estrangeiro na B3 é volátil, não representa ainda uma aposta definitiva. 

CC: O investimento direto estrangeiro (IDE) parece que não quer voltar…

OC: No caso do IDE, seu ingresso vai refletir a expectativa de a economia voltar a crescer. Mas ele caiu em todo o mundo. E na região da América Latina caiu em toda parte, refletindo o estado miserável em que entrou a economia dos países latino-americanos. As pessoas adiam decisões de investimentos. As empresas esperam para ver, porque não dá para saber como é que as economias voltarão a crescer, se os mercados crescerão ou não. Assim, enfatizaria a dificuldade que o País está encontrando para apresentar um projeto crível, confiável de crescimento.

É inegável que tivemos o acidente, a sorte do ciclo de preços de commodities, que tem inclusive atraído investimentos externos, só que em áreas correlacionadas, porque a perspectiva de dinamismo melhorou muito, mas não é suficiente para arrastar o resto do País. 

CC: O crescimento puxado pelas commodities não é a nossa história? Estamos fadados a depender de ciclos de commodities

OC: Ser rico em recursos naturais tanto pode ser uma bênção quanto uma maldição. Bênção à medida em que gera renda, traz dinamismo regional e assim por diante. Particularmente, quando a produção de recursos naturais incorpora um conteúdo forte de Ciência e Serviços, como é o caso da agricultura brasileira atual, inclusive suas parcerias público-privadas no desenvolvimento de sementes.

Lembro ter ficado muito impressionado numa visita que fiz acompanhando o presidente do Banco Mundial a uma pequena gleba, no interior de São Paulo, de produção de cana de açúcar. Não era gleba grande, não. O proprietário era um engenheiro, uma pessoa educada, com alta qualificação. Ele contou que naquele pequeno pedaço de terra utilizava 18 tipos diferentes de cana de açúcar – de um total mais de 500 tipos diferentes desenvolvidos pela Embrapa. Tinha a semente apropriada para a área plantada mais próxima do riacho, outra mais adequada para a área mais distante da água, uma terceira para a parte mais inclinada da gleba, uma quarta para uma área com maior irradiação de sol. E o produtor, no laptop dele, planejava o uso de sementes de acordo com a natureza do solo e as propriedades da semente de modo a maximizar a produtividade da fazenda. Ele contou como usava o conhecimento técnico para definir pela meteorologia os melhores momentos de colher, de plantar, e assim por diante.

Quer dizer, o conteúdo de Tecnologia e Ciência, ali embutidos, sem falar dos equipamentos que o fazendeiro dispõe, exerce efeitos à montante e à jusante dessa atividade agrícola. Aquilo é uma bênção; não maldição. Portanto, é bom ter a riqueza natural usada de maneira intensa em conhecimento científico, em conhecimento tecnológico. Assim como a produção de petróleo pela Petrobras em alto mar. Aliás, se fossemos prever a renda per capita brasileira apenas com base nos indicadores de incorporação de Tecnologia e Ciência, a renda média brasileira seria muito mais baixa do que efetivamente é – e isso vale para América Latina como um todo. A América Latina não teria o nível de renda per capita que tem se não fosse a riqueza de recursos naturais.

A Austrália é um país rico, avançado com uma economia baseada em recursos naturais, assim como o Canadá, a Noruega, o Botsuana – que hoje tem um nível de renda per capita mais alto do que o do Brasil. Meu ponto é que esse pré-conceito contra a atividade baseada em recursos naturais é antigo, é atrasado, ultrapassado. É do tempo em que, para nós, o coronel botava o semiescravo para cortar cana na faca. Quem tem essa noção de que a Agricultura é um negócio ruim não percebeu que há mais conteúdo tecnológico da agricultura avançada brasileira de hoje, do que num processo de montagem de rádios lá no Vietnã. 

Agora, é difícil imaginar que se possa arrastar o país todo, um país com mais de 200 milhões de habitantes apenas com o bom desempenho da agricultura, ou do minério de ferro ou do petróleo.

CC: E a indústria?

CC: Seria bom que tivéssemos uma indústria manufatureira melhor do que a que nós temos. O problema é com a indústria manufatureira é que ela também não produz com a mesma qualidade, produtividade e competitividade que outras indústrias manufatureiras. E as críticas que podem ter sido funcionais nos anos 50, até os anos 70, não são mais. O problema é o que fazer com relação à indústria, para não cair no discurso simplório de botar tarifa achando que tarifa vai resolver. Temos uma indústria automobilística densa, integrada, mas por conta de não poder, inclusive, empregar insumos, máquinas e outras tecnologias mais avançadas temos uma indústria automobilística que só consegue ser competitiva na Argentina! Isso se aplica a toda a indústria brasileira protegida. É um erro crasso. Ainda estamos longe de enfrentar esse problema de frente. 

CC: E qual seria o papel do investidor externo no crescimento e no desenvolvimento? Por que é importante atrair o capital externo?

OC: Porque, no fundo, mesmo que a economia brasileira esteja operando em plena capacidade, o volume de recursos financeiramente disponíveis para investimento não será suficiente, será menor do que poderia ser com o complemento do financiamento, do fluxo externo. O problema é que mesmo o investimento gerado pela poupança interna, dada a proporção da renda brasileira que tem que ser consumida, dado o tamanho dos fundos que o capital privado pode aportar, é evidente que tendo o complemento dos recursos poderia ajudar a manter uma taxa de investimento maior do que a temos. Isso vale para o Brasil como vale para o mundo. 

CC: Como você avalia o cenário internacional? A liquidez que inunda os mercados, a trajetória das taxas de juros internacionais, as perspectivas de normalização das políticas monetárias?

OC: Continuamos num mar de liquidez internacional, embora seja uma questão de tempo para os juros aqui, nos EUA, saírem de onde estão. Ninguém tem a expectativa dos juros continuarem negativos na Europa e nos EUA. Mas mesmo com a provável subida dos juros aqui, de 1,2% para 1,8% ano, o patamar continua baixo. A situação de juros reais baixos é uma tendência forte que vem de há três décadas no mundo avançado inteiro.

Há um descompasso entre a disponibilidade de renda financeira e as oportunidades de investimento nos países maduros, de modo que o potencial de fundos disponíveis, particularmente dos investidores institucionais que precisam ter ativos com rendimentos compatíveis com suas obrigações atuariais, o interesse em encontrar outras formas de rendimento bem mais alta do que as taxas dos treasuries, vai continuar por muito. E isso só não se materializa porque os riscos são mais altos. Não é uma coisa simples. Porém, o fato é que juros longos baixos nas economias avançadas permanecerão por bastante tempo. Logo, a busca por rendimentos mais altos, também.

CC: O ciclo de commodities vai perdurar? As perspectivas são de desaceleração da economia na China, o que reduziria seu apetite por commodities. Em compensação, há o New Deal do presidente Joe Biden, com eventual aumento da demanda pelas commodities minerais, por exemplo, o cimento. Como avalia essas expectativas?

OC: No que tange ao pacote de Biden, a questão não é tanto o cimento, e sim como os investimentos verdes, nos EUA e na Europa, afetarão particularmente um subgrupo de commodities, a dos minerais metálicos como lítio, cobre, paládio e terras raras, porque são bons condutores de eletricidade. Se, de fato, vivermos uma evolução em direção a carros elétricos, a demanda pelos metálicos vai crescer brutalmente, enquanto a demanda por derivados de petróleo cairá – felizmente! No caso da agricultura, talvez não um superciclo como foi o do início do milênio, mas uma demanda crescente. 

CC: E a China?

OC: Há uma certa incompreensão a respeito da China. Ela começou um rebalanceamento da sua política econômica no início da década que levaria a um ritmo de crescimento menor. As autoridades chinesas, com receio de uma desaceleração abrupta no início desta década, olharam para o lado enquanto o shadow banking (instituições de crédito semelhantes a bancos, mas fora da estrutura regulatória bancária oficial) financiava projetos de infraestrutura e habitação nas municipalidades, a fim de suavizar a queda do investimento. Mas está voltando ao, por assim dizer, normal, depois da tremenda queda provocada pela pandemia. Só que o crescimento da China já não será de 8% ao ano, e sim de 6% para baixo, provavelmente menos de 6%. 

No que tange a alimentos, os processos de ciclos de commodities não seguem o tempo inteiro na mesma direção. A pesquisa de plantio do Departamento da Agricultura dos EUA mostra que, após três anos de crescimento baixo da produção de milho, soja e outros grãos, devido à guerra do Trump com a China, vai retomar os níveis anteriores. Assim, a partir do próximo ano, é muito provável que os preços agrícolas se estabilizem. Em termos de commodities, qualquer generalização é apressada. Agora, tem essa área dos minerais metálicos em que a tendência é de alta, até porque a oferta tem dificuldade em responder, pois não houve grandes investimentos em novas minas de cobre, por exemplo, desde o começo da década passada. Tem o cinturão do cobre no Congo, mas a produção ali é complicada. Tudo isso feito respeitando a ASG [sigla para Ambiental, Social e Governança, critérios de gestão corporativa].

CC: A aderência a práticas ASG veio mesmo para ficar? Não é um modismo passageiro?

OC: Não, não é um modismo, não! Estou, aliás, escrevendo um artigo sobre o crescimento enorme, fantástico dos fundos ASG, do ano passado para cá. Os fundos que estão crescendo na margem são os fundos ASG. Isso veio para ficar, enquanto a gente queima a Amazônia e o Pantanal. E vamos pagar o preço, porque os europeus com a tributação do carbono, vão sobretaxar produtos agrícolas importados que não respeitem o meio ambiente. O problema da Amazônia, além de tudo, é um tiro no nosso próprio pé. Carlos Nobre assim como o ambientalista Thomas Lovejoy, que eu conheço aqui há uns 20 anos, sempre tiveram medo de que o grau de desmatamento na Amazônia pudesse chegar num ponto em que o regime de chuvas fosse mudar. A peculiaridade da Amazônia, que a diferencia de outras florestas do mundo, é que a chuva que ela libera não vai para o oceano, ela vai para os Andes e desce para o sul do país. Se isso desaparecer, aí acabou a agricultura no resto do Brasil. Acabou o Brasil! A dúvida é que não há um conhecimento modelístico para saber qual é o ponto sem retorno. Mas o risco está aí. O País como um todo, ao deixar ocorrer esse desmatamento, está colocando risco a sua própria existência.

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