Economia

Bolsonaro congela plano de investimentos públicos para segurar Guedes

Apegado ao neoliberalismo e ao teto de gastos, Guedes não esteve presente na coletiva que anunciou pacote Pró-Brasil, o que gerou rumores

(Foto: Marcelo Casal/Ag Brasil)
Apoie Siga-nos no

O presidente Jair Bolsonaro resolveu congelar temporariamente os planos de um pacote de investimentos públicos em infraestrutura para a geração de empregos após Paulo Guedes, ministro da Economia, demonstrar incômodo com a alternativa a sua gestão liberal.

Temendo perder mais um de seus “superministros”, Bolsonaro afirmou à ala militar, que articulava o plano chamado de Pró-Brasil, que a palavra final dos rumos econômicos continuava sendo de Guedes. A informação foi confirmada pelo jornal Folha de S. Paulo.

O Plano foi apresentado na semana passada pelo ministro-chefe da Casa Civil, general Walter Braga Netto, em uma coletiva sem a presença de Guedes. Segundo Braga Netto, a retomada de investimentos públicos em obras de infraestrutura, mesmo com a parceria privada, seria uma injeção necessária do governo para a retomada de empregos num momento pós-pandemia. A intenção era que as obras se estendessem até 2030.

No entanto, Paulo Guedes se opõe à proposta pois é contrário ao investimento público maciço, preferindo dar espaço para concessões e privatizações em relação ao ramo das obras estruturantes no País, como rodovias e reformas em aeroportos. O ministro se apega ao discurso de que o Brasil estava no caminho correto anteriormente, algo questionável tendo em vista o “PIBinho” de apenas 1,1% de 2019 antes de qualquer crise relacionada ao coronavírus.

 

“O Brasil já estava decolando quando bateu a crise do coronavírus, isso cria esse impacto inicial, a segunda onda, mas sabemos que vamos sair disso. Queremos reafirmar a todos que acreditam na política econômica que ela segue, é a mesma política econômica, vamos prosseguir com as reformas estruturantes, vamos trazer bilhões em investimento”, afirmou o ministro em uma coletiva na segunda-feira 27.

A equipe econômica ainda se mostra favorável à manutenção do teto de gastos imposto na época de Michel Temer – cuja PEC mais famosa e controversa congelou os investimentos públicos ao nível da inflação pelos próximos 20 anos.

Para este ano, a previsão é de retração na economia brasileira, assim como para o resto do mundo. Segundo boletim de mercado divulgado nesta segunda-feira 27 pelo Banco Central, o relatório Focus, os economistas de mercado baixaram novamente a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2,96% para 3,34%.

A previsão do mercado para a contração do PIB brasileiro em 2020 ainda está abaixo da divulgada pelo Banco Mundial, que estima um tombo de 5%, e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê queda de 5,3%. Nos últimos meses, tanto o Ministério da Economia quanto o Banco Central revisaram suas estimativas e passaram a prever estabilidade (sem alta, mas também sem contração) do PIB neste ano.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar