Economia
Bets e dívidas: 42% dos apostadores brasileiros estão inadimplentes, diz pesquisa
De acordo com o DataSenado, brasileiros com renda familiar de até dois salários mínimos foram os que mais apostaram ao longo de um mês



Cerca de 42% dos brasileiros que dizem ter gastado alguma quantia em apostas esportivas ao longo de um mês estavam endividados, aponta pesquisa realizada pelo Instituto DataSenado nesta terça-feira.
O percentual envolve o número de apostadores com contas atrasadas há mais de três meses. Ao todo, mais de 20 milhões de pessoas com mais de 16 anos admitem ter apostado nas ‘bets’ – o número equivale a 13% da população nesta faixa etária.
A sondagem foi realizada entre os dias 5 e 28 de junho e ouviu quase 22 mil pessoas. O levantamento trata ainda do endividamento da população brasileira e do número de brasileiros vítimas de golpes digitais.
De acordo com o DataSenado, a maior parte dos que dizem apostar exercem atividade remunerada (68%). Brasileiros com renda familiar de até dois salários mínimos foram os que mais apostaram (52%) ao longo de um mês. Na sequência, aparecem apostadores com renda familiar entre dois e seis salários mínimos (35%); e acima de seis salários mínimos (13%).
Apenas 20% dos que apostam possuem ensino superior incompleto enquanto 23% afirmaram não ter concluído o ensino fundamental. São 40% os entrevistados que têm o ensino médio completo.
O debate em torno das bets ganhou força após um estudo produzido pelo Banco Central mostrar que cerca de 24 milhões de pessoas físicas participam de jogos de azar e apostas no País.
Entre os beneficiários do Bolsa Família, principal programa de transferência de renda, mais de 5 milhões de usuários destinaram dinheiro às casas de apostas virtuais somente em agosto. Foram mais de 3 bilhões gastos nesse período – um montante que corresponde a 20% do valor total repassado pelo programa.
A estimativa do BC considera os consumidores que realizaram ao menos uma transferência via Pix para essas empresas em agosto. A grande maioria dos apostadores tem entre 20 e 30 anos, aponta o relatório.
O valor médio mensal das transferências aumenta conforme a idade. Para os mais jovens, os aportes chegam aos 100 reais por mês. Já os mais velhos destinam mensalmente mais de 3 mil reais.
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