Economia

BC sobe juros pela 11ª vez seguida e Selic chega a 13,25% ao ano

A autoridade monetária já mira no controle da inflação de 2023; Copom sinaliza mais um aumento de juros na próxima reunião

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Apoie Siga-nos no

O Banco Central (BC) subiu a taxa básica de juros, a Selic, de 12,75% para 13,25% nesta quarta-feira. Esta é a 11ª reunião seguida em que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decide por uma elevação dos juros básicos.

O ciclo de altas começou em março de 2021 e partiu do menor patamar da Selic na história, em 2% ao ano. As seguidas elevações são parte de uma tentativa do BC de controlar a inflação, que superou a meta em 2021 e deve estourar novamente neste ano.

A inflação de maio apontou para uma desaceleração do aumento de preços, mas ainda está em 11,73% nos últimos doze meses, bem acima da meta estabelecida de 3,5%. Nem com o intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo a inflação chegaria na meta.

No entanto, o Banco Central já está mirando na inflação de 2023. Como as decisões de juros demoram alguns meses para impactar na economia real, os movimentos do BC sempre visam os preços no futuro.

Com essa preocupação, o comunicado do Copom apontou que na próxima reunião, que acontecerá em agosto, os juros devem subir em mais 0,5 p.p ou menos.

“O Comitê nota que a crescente incerteza da atual conjuntura, aliada ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demanda cautela adicional em sua atuação”, diz.

De acordo com as expectativas de mercado que constam no comunicado da decisão, a inflação deve ficar em 8,5% este ano, 4,7% em 2023 e 3,25% em 2024.

O BC reforçou que continuará a “perseverar” na estratégia de alta dos juros até que o processo de desinflação se consolide, assim como as expectativas do mercado estejam em torno das metas estabelecidas.

“O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”, aponta o comunicado.

Risco fiscal

A discussão sobre as medidas para diminuir o preço dos combustíveis também traz algum nível de incerteza fiscal para as decisões do Banco Central.

Na manhã desta quarta-feira, a Câmara aprovou projeto que cria um teto de 17% para o ICMS. O texto seguiu para sanção presidencial.

Essa aprovação é parte de um objetivo do governo para reduzir o preço do diesel, gasolina e gás de cozinha, que envolve também zerar os impostos federais sobre gasolina e etanol, além de outras medidas.

Sem citar diretamente o projeto, o Copom disse que as medidas tributárias em tramitação reduzem a inflação para 2022, mas contribuem para uma alta no próximo ano.

“Avaliou-se que as medidas tributárias em tramitação reduzem sensivelmente a inflação no ano corrente, embora elevem, em menor magnitude, a inflação no horizonte relevante de política monetária”, aponta o documento.

Pressões globais

O comunicado ainda cita que entre os riscos que podem elevar a inflação estão uma maior persistência da pressão inflacionária global e uma incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal e de políticas fiscais que resultem em aumento da demanda.

Por outro lado, a reversão do aumento do preço de commodities em reais e uma desaceleração da atividade econômica maior do que a esperada podem contribuir para a queda dos preços.

“O Comitê avalia que a conjuntura particularmente incerta e volátil requer serenidade na avaliação dos riscos”, ressaltou.

No cenário do Copom, que supõe Selic em 13,25% ao final deste ano, a inflação ficaria em 8,8% este ano, 4% em 2023 e 2,7% em 2024.

Já os juros cairiam para 10% ao final do ano que vem e 7,5% em 2024. Essas projeções não incorporam os impactos do teto para o ICMS aprovado nesta quarta-feira na Câmara.

Alta nos EUA

Parte da “superquarta”, o Federal Reserve (Fed) decidiu por um aumento de 0,75 p.p na taxa de juros básica dos Estados Unidos, elevando para a banda de 1,5% a 1,75%. Essa foi a maior alta única desde 1994.

O movimento foi entendido pelos mercados como um enfrentamento mais direto do BC americano contra a inflação, que está no maior patamar em 40 anos nos Estados Unidos. O Fed também sinalizou que vai seguir aumentando os juros de forma mais agressiva.

Para o BC, o cenário externo “seguiu se deteriorando” desde a última reunião com revisões para baixo de crescimento global e forte pressão inflacionária. Sem citar a decisão do Fed, o Copom também mencionou a alta de juros em outros países.

“O aperto das condições financeiras motivado pela reprecificação da política monetária nos países avançados, assim como pelo aumento da aversão a risco, eleva a incerteza e gera volatilidade adicional, particularmente nos países emergentes”, apontou o comunicado.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo