Economia

BC cita mercado de trabalho ‘mais dinâmico que o esperado’ ao cortar Selic em apenas 0,25 ponto

Nas últimas semanas, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a entrar na mira de governistas

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
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O Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu nesta quarta-feira 8 reduzir em 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros, a Selic: de 10,75% para 10,50% ao ano. Parte do mercado apostava em um corte de 0,50.

Desde que começou o atual ciclo de reduções, em agosto de 2023, cada corte havia sido de 0,50 ponto:

  • agosto: de 13,75% para 13,25%;
  • setembro: de 13,25% para 12,75%;
  • novembro: de 12,75% para 12,25%;
  • dezembro: de 12,25% para 11,75%;
  • janeiro: de 11,75% para 11,25%;
  • março: de 11,25% para 10,75%.

Desta vez, votaram por diminuir a Selic em 0,25:

  • Roberto Campos Neto (presidente);
  • Carolina de Assis Barros;
  • Diogo Abry Guillen;
  • Otávio Ribeiro Damaso; e
  • Renato Dias de Brito Gomes.

Outros quatro diretores defenderam um corte de 0,50 ponto:

  • Ailton de Aquino Santos;
  • Gabriel Galípolo;
  • Paulo Picchetti; e
  • Rodrigo Alves Teixeira.

Os quatro integrantes que votaram pela queda de 0,50 foram indicados ao Banco Central pelo presidente Lula (PT).

No encontro de março, o BC indicou que reduziria a Selic em 0,50 nesta quarta, levando a taxa a 10,25% ao ano, mas a projeção não se confirmou.

Ao anunciar a nova decisão, o Copom mencionou um ambiente externo “mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente referente ao início da flexibilização de política monetária nos Estados Unidos”, e disse que “o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes”.

No front interno, segundo o BC, os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho “têm apresentado maior dinamismo do que o esperado”.

Desde a reunião anterior, em março, o governo Lula decidiu ajustar a meta fiscal para 2025: saiu de cena o superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto e entrou o déficit zero, a exemplo de 2024.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse publicamente que mudanças na meta tornam mais “custoso” o trabalho da autoridade monetária.

No anúncio desta quarta, o Copom disse ter acompanhado os impactos da política fiscal sobre a política monetária.

“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária.”

Recentemente, Campos Neto voltou a entrar na mira de apoiadores do governo federal. No fim de abril, ele afirmou à CNN Brasil que o cenário do mercado de trabalho no Brasil é uma “grande surpresa”, mas mencionou um receio de “processo inflacionário”.

“A preocupação vem quando as empresas não conseguem contratar, e você tem que começar a subir o salário. Se você sobe o salário para o mesmo nível de produção, isso significa que você está iniciando um processo inflacionário”, alegou. “Então, a preocupação vem daí.”

A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, chamou o presidente do BC de “bolsonarista” e disse que ele ameaça  o País “com sua grande obra: a maior taxa de juros do Planeta”.

“Depois de incentivar a especulação por causa da revisão da meta fiscal, agora ele reclama que o desemprego ficou menor do que o mercado gostaria. Para o presidente do BC, a perspectiva de pleno emprego é uma ameaça a sua missão de sabotar o crescimento do Brasil”, rebateu a petista.

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