Economia
Banco vai à Justiça para impedir bilionários da Americanas de venderem patrimônio
O Bradesco se refere à crise da varejista como ‘a maior fraude contábil da história corporativa do Brasil’


O Bradesco acionou o Tribunal de Justiça de São Paulo para impedir os bilionários Jorge Paulo Lemann, Alberto Sicupira e Marcel Telles – acionistas de referência da Americanas – de venderem seus bens e se desfazerem de seu patrimônio.
A ação tem como objetivo afastar “o risco de que os requeridos venham a alienar ativos com o propósito de frustrar futura ação do seu credor”. O Bradesco é um dos principais credores da varejista – a dívida se aproxima de 4,8 bilhões de reais.
No documento, a defesa do banco sustenta que “alguns veículos de comunicação convencionaram denominar como a maior fraude contábil da história corporativa do Brasil” a crise que se abateu sobre a Americanas.
Em 11 de janeiro, a Americanas informou ao mercado ter encontrado “inconsistências contábeis” de 20 bilhões de reais em seus balanços. Os passos seguintes envolveram a Justiça: primeiro, uma medida de proteção contra credores e, na sequência, a aprovação do início de uma recuperação judicial. A companhia tem dívidas de 42,5 bilhões de reais.
Já em 16 de fevereiro, o trio de bilionários da Americanas apresentou uma proposta aos credores. O plano previa um aporte de 7 bilhões de reais na empresa. Em fato relevante divulgado ao mercado, porém, a varejista afirma que “não houve, até o momento, acordo com relação à proposta apresentada”.
No mesmo dia, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou em caráter liminar a suspensão da busca e da apreensão de e-mails institucionais de executivos da Americanas. A decisão reverte uma ordem favorável ao Bradesco.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Metástase no mercado
Por Carlos Drummond
BNDES não é um hospital de empresas e não vai socorrer a Americanas, diz Mercadante
Por CartaCapital
CVM não menciona Americanas, mas diz investigar caso ‘lamentável’ e ‘gravíssimo’
Por CartaCapital