Economia
Banco do Brasil deve financiar o agro, mas tem de voltar a acreditar no pequeno produtor, diz Lula
O petista participou da cerimônia de posse de Tarciana Medeiros na presidência da instituição
O presidente Lula (PT) participou, na noite desta segunda-feira 16, da cerimônia de posse de Tarciana Medeiros na presidência do Banco do Brasil. Ela substitui Fausto Ribeiro, indicado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL).
Trata-se da primeira vez que uma mulher presidirá a instituição em mais de 200 anos de história.
Em seu discurso, Lula afirmou que Medeiros tem de levar em consideração “o povo que mais necessita”.
“O BB é um dos grandes financiadores do agronegócio, mas no meu tempo a gente financiava com orgulho os pequenos e médios proprietários”, disse o petista. “A gente precisa voltar a acreditar no pequeno e no médio produtores rurais, porque são eles os que mais colocam alimento na mesa de todos nós aqui.”
Em tom descontraído, o presidente declarou que o banco “não pode ter prejuízo e tem de ter rentabilidade”, mas ponderou que, eventualmente, “tem de dar um pouquinho de aumento para os funcionários, porque senão eles fazem greve”.
“Quero que a gente seja o campeão de crédito consignado e quero mostrar o que dizia em 2003 e vou dizer agora: o pobre não é problema, mas a solução, à medida que ele é incluído na economia.”
Na semana passada, Lula participou da posse de Rita Serrano como presidente da Caixa Econômica Federal. Ela substituiu Daniella Marques, indicada pelo governo Bolsonaro.
Na ocasião, o presidente afirmou que a estatal voltará a crescer, assim como “a bancarização do povo pobre”. Após estabelecer como prioridades o investimento em saúde e educação e o combate à fome, ele voltou a mandar um recado direto ao “mercado”.
“A gente precisa construir uma narrativa diferente. Tudo o que a gente faz é gasto. Se eu compro comida, é gasto; se coloco dinheiro para dar comida ao pobre, é gasto; se vou fazer o Bolsa Família, é gasto. A única coisa que não é tratada como gasto é o dinheiro que a gente paga de juros ao sistema financeiro”, criticou.
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