Economia

Após leve corte na Selic, Banco Central ‘cobra’ do governo o cumprimento da meta fiscal

Perseguir o objetivo, diz o Copom, é importante ‘para a condução da política monetária’; a taxa de juros chegou a 12,75% ao ano

Campos Neto, o líder da oposição no BC - Imagem: Marcelo Camargo/ABR
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Ao confirmar o corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, nesta quarta-feira 20, o Comitê de Política Monetária do Banco Central “cobrou” o cumprimento das metas fiscais por parte do governo, a fim de manter o ritmo de quedas na Selic.

O objetivo da equipe econômica, chefiada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é zerar o rombo nas contas públicas em 2024. O déficit ocorre quando a arrecadação fica abaixo dos gastos, sem considerar o pagamento de juros da dívida pública.

“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas”, diz o comunicado divulgado pelo Copom nesta quarta.

Para 95% do chamado “mercado”, o governo não conseguirá zerar o déficit primário no ano que vem, segundo uma pesquisa Genial/Quaest divulgada na última terça-feira 19. Apenas 5% dos 87 profissionais de fundos de investimentos ouvidos esperam cumprimento da meta em 2024.

Os argumentos do Copom

No comunicado divulgado nesta quarta, o comitê afirmou que o ambiente externo ainda apresenta incertezas, mas destacou aspectos positivos no cenário doméstico.

Segundo o Copom, “observou-se maior resiliência da atividade econômica do que anteriormente esperado”. O BC, no entanto, continua a projetar um cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres.

Além disso, avalia a instituição, ainda há “fatores de risco” nos cenários sobre a inflação, entre eles uma persistência das pressões inflacionárias globais e uma resiliência nos índices de preços de serviços.

Por outro lado, há “riscos de baixa”, a exemplo de uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada e da chance de os impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.

Cortar a Selic em 0,5 ponto, diz o Copom, “é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025”.

“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem parcial, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”, aponta o comunicado.

A se confirmar o cenário esperado, todos os diretores do Copom projetam uma redução de 0,5 ponto nas próximas reuniões “e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.

Por fim, de acordo com o comitê, a magnitude total desse ciclo de flexibilização na Selic dependerá da “evolução da dinânica inflacionária”. A Ata do Copom, com avaliações detalhadas sobre a deliberação que levou ao corte desta quarta-feira, será divulgada na semana que vem.

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