Economia

Comitê independente contratado pela Americanas confirma fraude contábil

Segundo o relatório, o esquema inflou o resultado da empresa em 25,3 bilhões de reais ao longo dos anos

Comitê independente contratado pela Americanas confirma fraude contábil
Comitê independente contratado pela Americanas confirma fraude contábil
Foto: Divulgação/Americanas
Apoie Siga-nos no

O comitê independente contratado pela Americanas para investigar as fraudes na varejista apresentou ao Conselho de Administração o resultado das investigações que confirmaram fraude contábil nos resultados da empresa. 

O colegiado analisou cerca de 1,2 milhões de documentos e fez mais de 250 entrevistas com funcionários, ex-funcionários e pessoas próximas à empresa, além de processar 74 terabytes de dados. 

Conforme comunicado publicado na terça-feira, dia 16, evidências mostram que a empresa fez lançamentos indevidos na conta de fornecedores, usou contratos fictícios de verbas de propaganda e realizou operações financeiras fraudulentas conhecidas como ‘risco sacado’, entre outras irregularidades.

Segundo a investigação, o resultado da empresa foi inflado em 25,3 bilhões de reais ao longo do tempo. Além disso, a dívida financeira bruta foi reduzida artificialmente em 20,6 bilhões de reais.

O relatório afirma também que os responsáveis por orquestrar ou comandar as fraudes identificadas não mais integram os quadros da companhia. Em comunicado anterior, os assessores jurídicos da empresa responsabilizavam diretores da empresa pela fraude. 

O material apurado pelo comitê será entregue ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal e à Comissão de Valores Mobiliários, que investigam as fraudes nas esferas criminais e administrativas. 

Em um primeiro comunicado ao mercado, datado de janeiro de 2023, a empresa disse ter encontrado “inconsistências contábeis” na ordem de 25 bilhões de reais em seus balanços. 

O rombo foi revelado pelo então diretor executivo, Sérgio Rial, que tinha acabado de assumir o comando da empresa – duas semanas depois, ele deixou o cargo. 

Alguns dias mais tarde a empresa entrou em recuperação judicial, com mais de 40 bilhões de reais em dívidas. O valor representa a quarta maior recuperação judicial da história do Brasil.

No fim de junho deste ano a Polícia Federal deflagrou uma operação contra os ex-diretores das Americanas. Os empresários são acusados de fraudes contábeis de risco sacado. 

A prática consiste em uma operação na qual a empresa consegue antecipar o pagamento a fornecedores por meio de empréstimo junto aos bancos. 

A investigação também apura a contabilização pelas Americanas de contratos falsos, criados para melhorar o resultado da empresa. 

Há ainda suspeita de prática do crime de manipulação de mercado. O grupo também teria feito uso de informação privilegiada da varejista, com indícios de associação criminosa e lavagem de dinheiro.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo