Economia

Agricultura com baixo impacto ambiental

Com a orientação tecnológica e de manejo adequadas, é possível preservar e fazer crescer o agronegócio

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Deveria ter deixado para comentar hoje as perspectivas da agropecuária para 2014. É praxe em folhas e telas cotidianas. Antecipei-me e o fiz em colunas passadas, possibilitado pelas evidências de que o Brasil terá bons resultados.

Outra percepção das últimas colunas de 2013 incluía a dicotomia entre a capacidade de o planeta gerar produção suficiente para a demanda por alimentos, fibras e energia renovável, contraposta à incapacidade da atividade incorporar vida digna a um contingente enorme de homens e mulheres que trabalham ou estão desempregados no campo.

Um assunto angustiante que aqui não retornará tão cedo, pois relevado ou pouco entendido. Comentários e análises fazem parecer existir um bando de surdos diante de tantos a quem resta esperar a construção de estradas, portos, legislações corretas, fim da corrupção, faixas exclusivas de ônibus, “Siri e o cacete”, como na música de João Bosco e Aldir Blanc, para saírem da miséria.

“Eles que se explodam, temos coisas mais sérias a cuidar e discutir”. É o que constato após anos de escrita e parolagem sobre o assunto. Creio que potências supostamente modernas, sem terem passado pela etapa civilizatória, têm dessas coisas.

Mas vamos saindo de fininho, evitando o Fla-Flu que promete engrossar o caldo nesta Federação de Corporações. Copa, eleição presidencial, manifestações populares e ingerências barbosianas. É muito.

Peguemos leve, pois. Saio do social e acocoro no ambiental e tecnológico.

É mentira dizer que para obter produção e produtividade num país com as características edafoclimáticas do Brasil a agropecuária precisaria ter entrado de sola nas canelas do meio ambiente e da biodiversidade para crescer e se viabilizar.

Os mesmos resultados seriam obtidos com menor impacto ambiental e, ainda, “muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender”. Bastaria que a orientação tecnológica e de manejo repetisse sistemas como o plantio direto sobre palha, hoje consolidado no país.

Há inúmeros métodos similares esquecidos por um imediatismo absurdo, criado pela massificação mercadológica da indústria de insumos, políticas econômicas distorcidas, governos ausentes, órgãos aparelhados por políticos, federados em torno de interesses escusos, universidades que produzem papers vaidosos, inertes ou desprezados, e uma sociedade que não sabe dar valor às riquezas naturais do país.

O uso de produtos originados de matérias orgânicas reduz a necessidade de fertilizantes químicos e minerais. Os controladores biológicos de pragas e doenças reduzem ou mesmo eliminam as aplicações de agrotóxicos. O mesmo é possível com agricultura de precisão, aplicação de produtos especiais em cada fase específica do desenvolvimento vegetal, sistemas integrados lavoura, pasto, floresta.

Esses processos, alvíssaras (!), têm índices de estranhamento cada vez menores entre os agricultores. Caminham até de forma rápida, ajudado pelos custos altíssimos dos fertilizantes convencionais e dos agrotóxicos. Às vezes, querer ganhar muito é reconhecido até pelos mais tolos.

O ordenamento econômico mundial não permite mais aos Estados a farta concessão de incentivos e subsídios, sobretudo nas economias centrais, item em que os emergentes correm atrás do rabo. Nas nações pobres, nem pensar. Enfim, todos se cuidam.

Se assim é, a quem foi delegado o comando da produção e do comércio mundiais de produtos agropecuários? Bingo! Às grandes corporações e seus ramos no mercado financeiro internacional, fator estrutural sem mudança para breve.

Tenho repetido: embora não provável no curto prazo, na situação atual dos custos dos fatores, a agropecuária brasileira não suportaria um período longo de preços baixos.

Praticar agricultura de baixo impacto ambiental ajudará. Rezar pela manutenção dos preços, também. Deixar as nações indígenas em suas terras de origem trará bons fluidos divinos às suas preces.

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