Prezado Abílio Diniz, você dificilmente estará neste momento pensando em me ligar para pedir um conselho. Ainda assim, ao ler os jornais nos últimos dias, resolvi te aconselhar. O que me motiva se não tenho nenhum interesse particular no pujante segmento varejista nacional? A vontade de pôr os “pingos nos is”, apenas isso. Ao ver uma foto sua recente, em que você aparecia acabrunhado, achei que era o caso de lhe enviar este modesto bilhete. A sua fisionomia carregada teria a ver com o fato de que no próximo mês de junho você terá de deixar o comando do Pão de Açúcar.
Posso imaginar como será um momento difícil para você. Mas falam em disputa com os franceses donos da rede Casino, seus sócios há mais de dez anos. Fazem referência à sua tentativa fracassada de unir o grupo ao Carrefour, que teria deixado “mágoas”, como se se tratasse de briga de namorados. E cogitam que haja por trás de tudo “disputa de poder”. Grandes novidades.
O que os jornais não explicam muito bem – e seria o caso de perguntar pela razão deste lapso – é que, afinal de contas, você tratou de vender aos franceses o comando do seu gigantesco negócio com mais de 140 mil funcionários e quase 2 mil supermercados. O acordo foi assinado em 2006, certo? Então aqui vai o “núcleo duro” (para falar como o consultor que eu não sou) do meu bilhetinho online: Abílio, não faça como o Serra, que chama compromisso assinado de papelzinho sem valor. Ok? Entregue o prometido, e saia pela porta da frente da história empresarial brasileira. Saudações cordiais.