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A xepa continua

Relação entre preço e lucro da Bolsa brasileira atinge o menor nível em 15 anos

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Imagem: iStockphoto
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No acumulado do ano, a B3 continua como uma das melhores Bolsas do mundo, alta de 5,5% em dólares, enquanto Londres e Nova York registram queda de 9,6%, Hong Kong 14,4%, Tóquio 16,6% e o índice mundial MSCI AC 15,5% (sem falar da Nasdaq, com queda de 20,8%, e o índice Euro Stoxx de 22,7%). Entretanto, avaliada pela ótica de um dos indicadores mais tradicionais do mercado, a relação preço/lucro (P/L), a Bolsa está no menor nível dos últimos 15 anos. O P/L indica quanto o investidor está disposto a pagar pelos lucros de uma empresa. Um P/L de 15 indica que o preço da ação representa 15 vezes os lucros acumulados e/ou projetados em 12 meses. Se o P/L de uma ação é 10 e outro papel do mesmo setor é negociado a 20, entende-se que a primeira empresa está com um preço mais vantajoso para o investidor do que a outra opção. A XP Investimentos, em relatório recente, calculou o P/L projetado do Ibovespa em 6, ou 45% abaixo da média de 11 dos últimos 15 anos. Mesmo quando se excluem os papéis de commodities, ou apenas Petrobras e Vale, o P/L vai para 9,8 e 9, respectivamente – ambos abaixo de suas médias históricas, diz a XP, destacando que todos os setores da B3 têm sido negociados abaixo ou próximos de suas médias.

Fonte: Bloomberg; XP Research

Imagem: Walter Craveiro/Flip


TELHAS SOLARES MADE IN BRAZIL

Imagem: Eternit

Depois de encerrar sua produção de amianto em 2018, a Eternit acaba de anunciar ter obtido registro de patente verde do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) para o processo de fabricação de seu módulo de captação de energia solar, utilizado nas telhas fotovoltaicas da empresa. Com a tecnologia desenvolvida integralmente no Brasil patenteada, o grupo vai buscar estender a patente para cerca de 20 países. A ideia é garantir a propriedade intelectual e, potencialmente, licenciar a tecnologia para outros fabricantes e mercados, ampliando suas frentes de negócio.


INVESTIMENTOS

Ações e fundos de ações e multimercados foram os investimentos mais atingidos pela volatilidade no primeiro semestre, aponta relatório de distribuição de investimentos no Brasil divulgado nesta semana pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais. No cenário de escalada dos juros, a renda variável caiu de 19,5% para 16,7% do total dos investimentos, que chegou a 4,6 trilhões em junho, aumento de 2,8% na comparação com dezembro do ano passado. Na contramão, a renda fixa abocanhou 61,3% do total, ante 57,5% em dezembro de 2021.


BRECHÓ

Produtos usados são a proposta da Walmart aos consumidores afetados pela inflação dos alimentos e combustíveis, que os obriga a gastar mais em bens de consumo básico e menos em outros tipos de produtos. Artigos usados da Apple, Samsung e ­Kitchen Aid (Whirlpool) são inspecionados, testados e limpos, e podem ser devolvidos sem ônus em até 90 dias. Culpando a inflação dos alimentos em comunicado distribuído, a varejista cortou sua projeção de lucro para este ano em 8% a 9% e 11% a 13% em 2023 e estimou crescimento das vendas em 4,5% a 7,5%, respectivamente.


EM CASA

Nada menos do que 75% dos empregos criados nos últimos 12 meses (2 milhões de postos) destinou-se a trabalhadores com o ensino médio completo e mais de 1,5 milhão deles foram ocupados por jovens de 18 a 24 anos. Em contrapartida, foram deletadas 76,4 mil vagas de maiores de 50 anos, apurou o CEO Virgílio Marques, da FM2S Educação e Consultoria, startup da Unicamp. O resultado é a queda de 4,4% do salário médio real dos admitidos, como estratégia de diminuição do custo-hora, que terá impactos agudos no bem-estar da população mais velha, se não forem adotadas ações para readequar as habilidades desses profissionais.

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1220 DE CARTACAPITAL, EM 10 DE AGOSTO DE 2022.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “A xepa continua”

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