Economia

A Semana do Mercado: Uma enxurrada de indicadores na volta do BC e os balanços das big techs ditam os rumos

Campos Neto disse a investidores que o Copom estará pronto para agir em caso de choques inflacionários mais duros ou mais persistentes que o esperado

Edifício-sede do Banco Central, em Brasília. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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A semana começou mal, com as bolsas asiáticas e europeias despencando devido à expectativa de recessão na China, por causa do novo surto de Covid-19, e no mundo, pelo aperto monetário anunciado pelas maiores autoridades monetárias internacionais, no fim da semana passada, nas reuniões do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.

Com aversão a risco e volatilidade dando a tônica dos negócios em todas as praças, por aqui a semana ainda será marcada por uma enxurrada de indicadores e estatísticas do Banco Central represadas pela greve dos funcionários, agora suspensa. Enquanto isso, as bolsas norte-americanas recebem os balanços de algo como 180 empresas, entre elas as big techs Apple, Microsoft, Amazon e Alphabet, (controladora do Google).

Investidores esperam que resultados gordos sustentem as cotações dos papéis, que vêm sendo abaladas pelas indicações de que o Federal Reserve, o Fed, banco central norte-americano, será mais agressivo em sua política monetária.

As quatro ações registram queda até agora no ano, com a Apple perdendo cerca de 9%, a Amazon 13%, a Alphabet 17% e a Microsoft 18%.

O presidente do Fed, Jerome Powell, foi explícito no sentido de que os juros básicos subirão mais que o normal, ao declarar que “uma alta de 0,5 ponto percentual está sobre a mesa” da próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto – o FOMC, o equivalente ao nosso Comitê de Política Monetária -, no início de maio. Meio é o dobro da alta de 0,25 de ponto percentual definida na reunião anterior e que constitui a prática tradicional do Fed.

Além de Powell, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, disse que “alguma” alta de juros seria admissível ainda neste ano na zona do euro, apesar de a inflação europeia ser menos disseminada que a norte-americana.

Analistas e investidores receiam que uma postura mais agressiva do Fed possa resultar em recessão nos Estados Unidos. Daí a atenção redobrada, nesta semana, nos dados sobre o crescimento da economia (na quinta) e a inflação dos EUA (na sexta). As expectativas são de que o PIB apresente uma desaceleração drástica para 1,1% em comparação com o avanço de 6,9% no último trimestre de 2021, em meio aos efeitos da onda da variante Ômicron do coronavírus no início do ano. Os dados do PIB serão complementados no dia seguinte pelo índice de despesas pessoais do consumidor, considerado o indicador de inflação preferido do Fed.

O CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, caiu 4,94% no dia, enquanto o índice de Xangai teve queda de 5,13%. As ações de Hong Kong tiveram a maior perda em seis semanas. O índice Hang Seng index caiu 3,73%, enquanto o China Enterprises Index perdeu 4,1%. O iuan também caiu para mínima de um ano contra o dólar, ampliando as perdas depois de registrar a pior semana desde 2015. Em Hong Kong, o índice HANG SENG caiu 3,73%, a 19.869 pontos. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, caiu 1,90%.

Na Europa, mesmo a vitória de Emmanuel Macron sobre Marine Le Pen para a Presidência da França não conseguiu reverter a aversão ao risco global pelos investidores, que seguem acompanhando a guerra da Ucrânia e as novas notícias de contágios na China. Perto do fechamento, as bolsas europeias operavam em queda, com Alemanha(-1,75%), Reino Unido (-2,22%), França (-2,37%), Espanha (-0,63%) e o Índice Euro Stoxx (-2,28%).

O reflexo no mercado brasileiro, dizem os especialistas da casa de análise Levante, é uma postura mais cautelosa dos investidores, visando uma menor exposição ao risco oferecido por mercados em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, em particular no caso das empresas exportadoras de commodities, que são o carro chefe da bolsa.

Além disso, na mesma toada de seus pares desenvolvidos, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse em palestra a investidores que o Copom estará pronto para agir em caso de choques inflacionários mais duros ou mais persistentes que o esperado – o que foi interpretado como sinalização de que o ciclo de alta dos juros não está perto do fim, como ele vinha apontado. Ou seja, mais incerteza ainda para as ações.

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