Economia

A Semana do Mercado: Recessão e inflação dominam o cenário

No Brasil, a preocupação maior é com o efeito fiscal da aprovação da PEC Eleitoral

Foto: Fernanda Carvalho/ Fotos Públicas Foto: Fernanda Carvalho/ Fotos Públicas
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Como na semana passada, o monitoramento obsessivo dos sinais de desaceleração da atividade global tende a dominar a atenção dos mercados. O destaque é a reunião, na quarta-feira 27, do Comitê de Mercado Aberto do Federal Reseve, o Fed, banco central norte-americano. Na quinta-feira 28 será divulgada a primeira prévia do PIB americano no segundo trimestre. E na sexta-feira 29 sai o Personal Consumption Expenditure de junho, que pode confirmar (ou não) o início da desaceleração da inflação nos Estados Unidos. A expectativa generalizada é de uma elevação de 0,75 de ponto percentual da taxa básica de juros (Fed Funds rate).

No front doméstico, as atenções se voltam para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15, a prévia do indicador de inflação oficial de inflação no País, que será divulgado amanhã. O resultado fiscal do semestre sai na sexta-feira.

A expectativa de recessão mundial foi reforçada na semana passada, com a divulgação de indicadores antecedentes de atividade mostrando desaceleração, em particular os Índices de Diretores de Compras do setor industrial, serviços e o índice composto, que atingiram níveis abaixo de cinquenta no mês de julho. Isso sinaliza recessão no futuro próximo para Estados Unidos, Alemanha e Zona do Euro.

A desaceleração da atividade é fruto do ritmo intenso das taxas de inflação e da reação dos BCs na forma de políticas monetárias duras, leia-se juros mais altos e reversão das injeções de dinheiro nos mercados. Na semana passada, o Banco Central Europeu aumentou a taxa de juros em 0,5 ponto pela primeira vez em 11 anos. Na semana anterior, o banco central americano, o Federal Reserve, havia subido a taxa dos Fed Funds em 0,75 p.p. A expectativa de o Fomc repetir a dose na quarta animava as bolsas europeias – e os futuros de índices das bolsas norte-americanas – na manhã desta segunda-feira.

Se confirmada, a alta de juros levará a taxa de referência do Fed para o intervalo entre 2,25% e 2,50%, reforçando os prognósticos de recessão nos EUA – como aponta a inversão da curva de juros americana, com títulos de curto prazo pagando taxas mais altas que os de longo, desde o início do mês. Assim, mais do que a nova taxa básica, os mercados querem ouvir o que o presidente do Fed, Jerome Powell, dirá ao anunciar a decisão.

“Esperamos que Powell repita mensagens semelhantes às da reunião do Fomc de junho. Ou seja, que a inflação está muito alta, o Fed está comprometido em restaurar a estabilidade de preços e pode ser necessário algum esforço para reduzir a inflação”, avalia o Bank of America em boletim semanal, no qual prevê outro aumento de 0,5 ponto em setembro e dois aumentos adicionais de 0,25 ponto até o final do ano, o que traria a taxa para o intervalo entre 3,25% e 3,50%.

No Brasil, a preocupação maior é com o efeito fiscal da aprovação da PEC Eleitoral, que aumenta o valor do Auxílio Brasil, cria o voucher caminhoneiro, aumenta o Auxílio Gás e deverá custar aos cofres públicos 41,3 bilhões de reais em 2023, fora do teto de gastos.

Até porque a redução do ICMS sobre combustíveis, eletricidade e telecomunicações e a queda do preço da gasolina nas refinarias por parte da Petrobras já estão segurando a taxa de inflação, o que tenderia a ter reflexos na política de juros do BC. Mas os juros praticados no dia a dia do mercado subiram ao longo da semana passada, do curtíssimo ao mais longo prazo dos vencimentos.

Boletim da Genial Investimentos destaca a alta de 0,20 ponto percentual nos vencimentos de médio e longo prazo e a alta das taxas de juros inclusive de ativos corrigidos pela inflação, como os do Tesouro. A explicação, segundo relatório do banco de investimentos Morgan Stanley, é que o alívio fiscal aprovado pelo Congresso é efêmero e tende a ser contraproducente no longo prazo.

Daí a subida das projeções de inflação 2023 e 2024, enquanto a inflação estimada para este ano continua em queda no Boletim Focus, do BC, divulgado nesta manhã. A expectativa de IPCA para 2022 foi revista de 7,54% na semana anterior para 7,30% na edição desta semana. Para 2023, a projeção dos economistas de mercado consultados toda semana pela BC subiu 0,10 ponto percentual, para 5,30%. Para 2024 e 2025, as estimativas permaneceram iguais, respectivamente, em 3,30% e 3,00%.

Nesses níveis, a inflação romperia a meta do BC pelo terceiro ano seguido. A meta de 2023 é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Já a projeção para o PIB deste ano subiu para 1,93%, a quarta semana seguida de alta. Para 2023, a expectativa do PIB variou um pouco para baixo, de 0,50% para 0,49%. Para 2024, também caiu de 1,8% para 1,7%.

Além dos dados econômicos, os investidores em bolsa aguardam os balanços de Petrobras e Vale, que devem ser publicados na quinta-feira, após o fechamento do pregão. A safra de balanços também trará, nesta semana, as demonstrações financeiras dos supermercados (Carrefour, Assaí, Pão de Açúcar), Ambev e Usiminas.

Na abertura de hoje, o Índice Bovespa operava em alta de 1,17%, aos 100.081 pontos, seguindo a tendência mundial, enquanto o dólar, também na esteira do movimento global, abria em queda de 0,77%, cotado a 5,456 reais.

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