Economia

A Semana do Mercado: IPCA e eleição nos EUA no radar

Ainda na seara política, as atenções dos mercados voltam-se para as tratativas sobre o projeto de Orçamento da União para 2023

Imagem: Mandel Ngan/AFP e Angela Weiss/AFP
Apoie Siga-nos no

As eleições ‘midterm’ nos Estados Unidos e a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA, são os eventos mais relevantes desta semana no radar dos investidores. 

Amanhã, sai o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) de outubro, com expectativa de deflação de 0,88%. Mas o que mais importa é o IPCA de outubro, que será divulgado na quinta. Analistas entendem que o indicador utilizado como baliza da política monetária do BC mostrará inflação, em razão dos preços ascendentes de alimentos, saúde e cuidados pessoais, bem como a alta sazonal do vestuário, que devem impulsionar a inflação.

Os 100 economistas do mercado financeiro consultados semanalmente pelo Banco Central elevaram levemente as estimativas para a inflação neste ano e para o crescimento do PIB em 2023, nas primeiras projeções econômicas depois da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência, de acordo com o Boletim Focus, fechado na sexta-feira, dia 4 de novembro, depois da decisão em segundo turno, e divulgado hoje pela manhã.

As expectativas de IPCA subiram 0,02 de ponto percentual, para 5,63%, enquanto foram mantidas as projeções para 2023 (4,94%) e 2024 (3,50%). Para a casa de análise Levante, apesar de muito pequena o fato de ser a segunda elevação consecutiva das projeções, após várias semanas em queda, “se essa tendência prosseguir, isso poderá alterar as expectativas para a condução da política monetária pelo Copom, nem tanto para 2022, mas pensando em um adiamento do início do corte da Selic em 2023.” 

Para o PIB, a estimativa de crescimento deste ano segue em 2,76%, mas para o próximo melhorou a 0,70%, ante 0,64% da semana anterior. O Focus manteve também a taxa básica de juros (Selic) deste nos 13,75% vigentes e projetou 11,25% para 2023, sem alterações.

Além dos indicadores econômicos, os agentes dos mercados também ficarão atentos às especulações em torno de vários nomes aventados para comandar o futuro Ministério da Economia, ou da Fazenda, com a preferência por alguém com um perfil mais “liberal” ou “fiscalista”, o que reduziria os temores quanto a uma possível deterioração das contas públicas ao longo do próximo governo. Outro ponto no radar é como serão acomodadas algumas das promessas de campanha no Orçamento Federal de 2023, como avaliam os economistas da Febraban em seu boletim semanal.

Ainda na seara política, as atenções dos mercados voltam-se para as tratativas sobre o projeto de Orçamento da União para 2023. A equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu adotar o “plano A” e apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) solicitando ao Congresso Nacional uma licença para o novo governo gastar e cumprir as promessas de campanha depois da posse, entre elas o Auxílio Brasil de R$ 600 e o aumento do salário mínimo para cerca de 1.320 reais, com ajuste aproximado de 1,4% acima do previsto no atual Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA). Lula deverá se reunir com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin e integrantes da área econômica da transição amanhã pela manhã, para chancelar a estratégia decidida ontem. Amanhã, o presidente eleito deverá se encontrar com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Amanhã também será dia das eleições para um terço do Senado (35 cadeiras) e a totalidade da Câmara (435 deputados), além dos governos de 36 estados norte-americanos. De acordo com o site FiveThirtyEight de Nate Silver, o Partido Republicano tem 85% de chances de obter maioria na Câmara e 55%. A virada para uma maioria Republicana, solapando o governo do presidente Joe Biden, anima os mercados norte-americanos, principalmente em relação aos setores de energia, óleo e gás.

O principal “eleitor” dos Republicanos é a inflação, cujos números mais recentes serão divulgados na quinta, quando sai o Índice de Preços ao Consumidor (CPI na sigla em inglês). Projeções do mercado apontam para uma alta de 7,9% nos 12 meses até outubro, ante 8,2% nos 12 meses até setembro. As estimativas para o núcleo da inflação (“core index”), que não considera os preços mais voláteis dos alimentos e da energia são de uma variação de 6,5% nos 12 meses até outubro, levemente abaixo dos 6,6% – muito pouco e muito tarde para sensibilizar um eleitorado que culpa o governo pela maior inflação em 40 anos.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo