Economia
A Semana do Mercado: Guerra no foco internacional e combustíveis no radar brasileiro
O editor de Finanças William Salasar apresenta as principais tendências da abertura dos mercados nesta segunda-feira 14


Com uma agenda de indicadores limitada à inflação medida pelo IGP-10, a ser divulgado nesta terça-feira 15 pela FGV, o mercado financeiro nacional tende a concentrar suas atenções nos projetos em tramitação no Congresso que desoneram combustíveis.
Enquanto isso, cresce no mundo a tensão com a possibilidade de guerra entre Rússia e Ucrânia, afetando mercados em geral, do petróleo à soja. Na Ásia, todos os mercados fecharam em baixa, enquanto na Europa o índice composto das principais ações europeias Stoxx 600 caiu para o nível mais baixo em três semanas.
Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, opera em alta nesta segunda 14, com o mercado atento às tensões na Ucrânia. Por volta do meio-dia, o Ibovespa subia meros 0,03%, aos 113.672 pontos.
A sensação no mercado doméstico, anota o boletim de Economia Bancária da Federação Brasileira de Bancos, é de que o governo vai insistir em medidas que possam melhorar a sua popularidade até as eleições, deixando para o futuro uma conta que, só no caso dos combustíveis, pode custar até 100 bilhões de reais aos cofres públicos. A Febraban lembra que o próprio Banco Central já advertiu, na Ata da última reunião do Comitê de Política Monetária, que essa rota vai pressionar o dólar e vitaminar a inflação, o que resultará em novas e maiores elevações da taxa básica de juros, a Selic. Por isso, espera-se que vingue a proposta mais moderada do Ministério da Economia de uma desoneração limitada – e praticamente inócua – de desoneração do diesel.
Segundo o Relatório Focus desta semana, divulgado na manhã desta segunda, a expectativa do mercado para a inflação medida pelo IPCA em 2022 aumentou de 5,44% para 5,50% – a quinta alta consecutiva. A expectativa para a inflação em 2023 se manteve em 3,50%, mas a projeção para a Selic, taxa básica de juros da economia, no final de 2022 saiu de 11,75% para 12,25%. Nas últimas três semanas, a projeção estava mantida em 11,75%.
Assim, não será surpresa se o índice IGP-10 de fevereiro seguir apontando um cenário de aumento dos preços das commodities, por causa da tensão internacional, que afeta o petróleo e as agrícolas (que, aqui, já sofrem com o clima). O consenso do mercado projeta alta de 1,97% no mês, mantendo o indicador em alto patamar no acumulado em 12 meses, em 16,69% (ante 17,82%).
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