Economia

A Semana do Mercado: Cautela marca os dias que antecedem a 1ª reunião do Copom em 2022

O editor de Finanças William Salasar apresenta as principais tendências da abertura dos mercados nesta segunda-feira 31

Edifício-sede do Banco Central, em Brasília. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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De longe, o evento econômico da semana será a 1ª reunião em 2022 do Comitê de Política Monetária do Banco Central, quando a expectativa é a taxa básica de juros, a Selic, ganhar mais 1,5 ponto percentual, o que levará o piso do custo do dinheiro de 9,25% a.a. para 10,75%, a.a..

Assim, a Selic voltará aos dois dígitos após quatro anos e meio, respondendo a um cenário de pressões inflacionárias que implicará em juros ascendentes até o fim do ano, quando a taxa deve chegar a 11,75% a.a., na visão dos economistas de mercado compulsados semanalmente pelo BC para o Relatório Focus.

Apesar da desaceleração do índice em 12 meses de 10,42%, para 10,20%, a prévia oficial da inflação (IPCA-15) divulgada na semana passada surpreendeu negativamente com uma alta de 0,58%, quando a expectativa do mercado era de +0,44%, em janeiro.

Além disso, o indicador registrou uma alta difusão, com 74% dos itens pesquisados pressionados, indicando continuidade de uma inflação elevada. Também os núcleos de inflação (que excluem itens mais voláteis do índice) seguiram pressionados. Com as expectativas de inflação ainda acima do teto neste ano e pouco acima do centro do teto da meta em 2023 – ou seja, “desancoradas” no jargão do mercado -, e com  a surpresa negativa com o IPCA-15, analistas entendem que o mais provável é o Copom elevar a Selic em 1,5 p.p. e deixar em aberto suas opções para março, aguardando mais dados (inflação e atividade) e as primeiras impressões sobre o impacto do início da redução de estímulos nos Estados Unidos, como nota o boletim semanal de economia bancária da Federação Brasileira de Bancos.

A perspectiva de juros altos contribuiu para o dólar comercial encerrar a semana passada vendido a 5,3915 reais, com baixa acumulada de 1,2% na semana e 3,31% em janeiro. “O real deve continuar se beneficiando de um carry trade mais alto após um ciclo de elevação de juros mais rápido que a média dos emergentes. Além dissol está um bom momento para os países fortes em commodities, caso do Brasil”, assinala a diretora da corretora de câmbio GetMoney, Vanessa Blum Colloca. Na hora do almoço, o dólar estava em queda de 1,215 a 5,33 reais.

Carry Trade é uma operação especulativa em que o investidor toma dinheiro emprestado numa moeda cuja taxa de juros está baixa, por exemplo o dólar norte-americano, para investir em uma moeda que paga juros mais altos, como o real.

A Bolsa, por sua vez, passou a manhã sem direção precisa, abrindo em baixa para em seguida subir ligeiramente e recuar de novo na hora do almoço, quando o Ibovespa operava com baixa de 0,49% 111.362 pontos.

O índice subiu/desceu influenciado por dois importantes indicadores divulgados nesta manhã: emprego e resultado fiscal do setor público. Em dezembro, houve destruição líquida de 265,8 mil postos de trabalho formal, resultado pior que o esperado pelo mercado, que projetava saldo líquido negativo de -171 mil (Broadcast). No mesmo mês do ano passado houve saldo negativo de 82,1 mil vagas. O mês de dezembro, por sazonalidade do mercado de trabalho, costuma apresentar saldo líquido negativo. Somente o setor de comércio apresentou criação líquida em dezembro (9 mil). Mas os demais setores apresentaram destruição, com destaque para a indústria de transformação (-88 mil), serviços (-86,9 mil) e construção civil (-52 mil).

Em 2021, foram criados 2,730 milhões de postos de trabalho formal, ante destruição de 191,4 mil vagas no mesmo período do ano anterior. No ano, os destaques foram para o setor de serviços (1,2 milhão), comércio (643,7 mil), indústria de transformação (439 mil) e construção civil (244,7 mil).

O setor público consolidado apresentou superávit de 123 milhões de reais em dezembro, ante déficit de 51,8 bilhões (corrigidos pelo IPCA) no mesmo mês do ano anterior. Esse foi o 5º superávit primário consecutivo. Com o resultado, o setor público consolidado obteve superávit primário de 64,7 bilhões de reais (0,75% do PIB), ante déficit de 703 bilhões (9,41% do PIB) em 2020, o primeiro superávit primário da esfera consolidada em 8 anos, desde 2013 (1,71% do PIB).

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