Economia

A Semana do Mercado #9: Inflação nos EUA e CPI da Covid no radar

Além da CPI, o Congresso deve retomar a agenda de reformas econômicas, incluindo a votação da MP que trata da privatização da Eletrobras

O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Carolina Antunes/PR
Apoie Siga-nos no

Além da dança macabra das variantes da Covid-19, os mercados financeiros do mundo vão concentrar sua atenção, esta semana, na Ata da última reunião do Comitê de Mercado Aberto do Sistema Federal da Reserva (Fomc) dos Estados Unidos. Por aqui, a CPI da Covid e possíveis avanços da agenda de reformas na Câmara tendem a ser os principais influenciadores da bolsa, dólar e juros.

Em relatórios a clientes, Bradesco, Itaú e XP Investimentos, entre outros, advertiram que a divulgação da ata da última reunião comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) será esmiuçada para encontrar pistas de como a autoridade monetária norte-americana avalia o surto de inflação divulgado na semana passada, que provocou enorme turbulência nos mercados, derrubando as bolsas, empinando os juros futuros, afetando o dólar e outras moedas e preços de commodities, sobretudo o  petróleo. O Índice de Preços ao Consumidor norte-americano de abril variou 0,8%, ante expectativas de 0,2%. Mais preocupante, o núcleo da inflação de varejo americana, conhecida como “CPI core index”, também subiu para 0,9 por cento em abril, a maior variação mensal em 40 anos.

Mesmo com dados de atividade dos EUA — vendas no varejo e sentimento do consumidor — vindo abaixo do previsto no final da semana passada, “o sentimento que prevaleceu foi de que a inflação nos EUA está pressionada a ponto de colocar em dúvida a manutenção dos estímulos pelo Fed por um período mais longo, como se esperava”, anota o Itaú. E a XP observa que “muitos discutem se os principais Bancos Centrais do mundo estariam ‘atrasados’, à medida que a recuperação econômica continua e a inflação começa a subir”.

 

Apesar das ressalvas de diversos analistas, de que as medidas de inflação podem estar distorcidas em razão da pandemia, é generalizado o receio de um aumento na probabilidade de que o Fed tenha de endurecer a política monetária antes do esperado. Enquanto o mercado internacional continuar nessa expectativa, a tendência é uma alta das taxas dos juros dos títulos do Tesouro americano, que são a base do custo do dinheiro internacional, resultando em turbulência nos mercados emergentes e perturbando a recuperação das economias – já abaladas pela preocupação com a disseminação de novas cepas da Covid 19, particularmente na Ásia, como observa o Bradesco em seu boletim diário.

Aqui, o IGP-10 divulgado esta manhã pela Fundação Getúlio Vargas mostrou aceleração dos preços de matérias-primas no início de maio, o que sinaliza uma pressão potencial sobre os preços ao consumidor nos próximos meses, uma vez que, “em uma economia ainda fechada e oligopolizada como a brasileira, o repasse aos preços finais é dado como certo”, salienta a Levante Ideias de Investimento. O Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) acelerou para 3,24% em maio ante 1,58% em abril. O índice acumula alta de 12,70% no ano e de 35,91% em 12 meses.

O Relatório Focus com expectativas do mercado compiladas pelo Banco Central, na edição de hoje reflete esse cenário nas projeções de economistas consultados para a inflação e para o Produto Interno Bruto (PIB). A inflação projetada pelo IPCA avançou para 5,15%, ante 5,06% da semana anterior.

As atenções dos operadores e analistas do mercado, entretanto, devem se voltar também para o Congresso, onde a CPI da Covid inicia uma semana crucial com as inquirições de dois ex-ministros, o general Eduardo Pazuello, da Saúde, e Ernesto Araújo, das Relações Exteriores. Além disso, o Congresso deve retomar a agenda de reformas econômicas, incluindo a votação da MP que trata da privatização da Eletrobras e que se antecipa será aprovada na Casa – mas poderá encontrar mais dificuldades no Senado.

A MP precisa ser votada até sexta-feira, para não perder a validade. Ainda hoje deve ser lido o parecer sobre a reforma administrativa, e o presidente da Câmara Arthur Lira comprometeu-se a detalhar sua proposta de “fatiamento” da reforma tributária.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo