Economia

A Semana do Mercado #18: Medo de inflação e variante Delta derrubam as bolsas

O editor de Finanças William Salasar apresenta as principais tendências da abertura dos mercados nesta segunda-feira 19

Créditos: Prakash SINGH / AFP Créditos: Prakash SINGH / AFP
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A inflação e seus impactos nas políticas monetárias seguem como destaque de uma semana enxuta em indicadores. Enquanto aqui, a atenção do mercado estará voltada para o resultado da prévia oficial da inflação, o IPCA-15, a ser divulgado na sexta-feira 23, lá fora o foco é a reunião de política monetária do Banco Central Europeu , que ocorre na quinta-feira 22.

A expectativa é de o índice avançar 0,65% em julho, acumulando alta de 8,50% em 12 meses, maior patamar desde set/16 (8,78%). “O resultado deve mostrar uma leve desaceleração ante o mês anterior (0,83%), mas sem dar sinais de alívio significativo, sugerindo a manutenção da cautela quanto à dinâmica inflacionária”, sinaliza a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em seu boletim semanal de economia bancária, detalhando que as maiores pressões devem partir das contas de energia elétrica, com o reajuste da cobrança extra da tarifária vermelha nível 2; da gasolina, devido ao ajuste nas refinarias, e das passagens aéreas, por conta do período de férias. Ainda, a maior reabertura da economia pode favorecer o repasse dos custos vindo do atacado para a inflação dos serviços, sendo uma fonte adicional de atenção. Assim, o cenário segue bastante desafiador, podendo levar o Copom a ajustar para cima o ritmo de elevação da Selic na sua próxima reunião.

No Boletim Focus em que o Banco Central, semanalmente, compila a medida das expectativas dos economistas do mercado financeiro, a projeção para a inflação em 2021 subiu de 6,11% para 6,31% — bem acima do teto da meta do BC para 2021, que é de 5,25%. Há um mês, estava em 5,90%.

Em linha com essa expectativa de aceleração da alta de preços, a mediana das previsões para a Selic neste ano foi de 6,63% para 6,75% ao ano. Há um mês, estava em 6,50%. No caso de 2022, a projeção seguiu em 7,00% ao ano, ante 6,50% de um mês antes, permanecendo em para 2023 e 2024.

Já a expectativa de crescimento da economia neste ano ficou praticamente inalterada em 5,27% (era de 5,26% na semana passada). Há quatro semanas, a estimativa era de 5,00%. Para 2022, o mercado financeiro alterou a previsão do PIB de crescimento de 2,09% para 2,10%, mesmo percentual de um mês atrás.

No cenário internacional, a expectativa é de o BCE indicar a orientação futura da política monetária do BCE, como antecipado por sua presidente, Christine Lagarde, de modo a ser compatível com o novo objetivo da instituição, que passa a ser uma meta de inflação de 2% aa, podendo superar tal taxa por algum período, ante o alvo anterior de “pouco abaixo de 2% aa”. Assim, apesar de não haver expectativa de redução das taxas de juros, que já se encontram em terreno negativo (- 0,5% aa), pode haver alguma sinalização de prorrogação dos programas emergenciais de compras de ativos, que, a princípio, devem ser encerrados no início de 2022.

A antecipação do futuro aperto monetário dos principais bancos centrais, somada à disseminação da variante delta do coronavírus anuviaram o ambiente dos mercados internacionais neste início de semana anuviado, gerando preocupação de que o otimismo dos últimos meses tenham sido exagerado. Segundo analistas ouvidos pela agência Bloomberg, essa combinação de pressões de preços e casos de Covid-19 em alta aumenta o risco de que a expansão econômica fique aquém das previsões otimistas. “E, com os índices acionários globais oscilando em relação às máximas históricas, não há espaço para erros”, adverte a Bloomberg.

O clima pesado refletiu-se no Índice S&P 500 VIX, chamado de “Índice do Medo” por medir a volatilidade das 500 ações mais negociadas no mercado de capitais norte-americano, que chegou a disparar até 33% nesta manhã. 

Com isso, a Bolsa de Tóquio fechou com queda de 1,2%, Londres recuava 2,70%; Paris perdia 3%; e Frankfurt, 2,94%. O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York abriu com queda de 2,36%, enquanto o índice Standard&Poors 500 marcava baixa de 1,73%. 

Para completar, o petróleo caiu mais de 5% no mercado internacional em reação ao acordo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e suas nações aliadas (Opep+), grupo que inclui a Rússia e o México, para aumentarem sua produção em 2 milhões de barris por dia até o fim deste ano, encerrando uma disputa que agitou o mercado de petróleo nos últimos meses. O contrato futuro do petróleo Brent da Europa para setembro abriu a sessão em queda de 3,38%, a 71,07 dólares o barril, enquanto o petróleo dos Estados Unidos (WTI) com vencimento em agosto recuava 3,72%, a 69,14 dólares o barril.

A B3 sentiu a pressão externa e abriu a semana em baixa, com o Ibovespa a 123.741 pontos, ou 1,76% abaixo do fechamento da sexta passada. Refletido no espelho, 1,76% era o percentual de alta do dólar comercial, a 5,205 reais, reagindo aos mesmos temores que empurravam a bolsa para baixo.

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