Economia

A semana do mercado #16 – Inflação e tensão política ainda no radar dos investidores

O editor de Finanças William Salasar apresenta as principais tendências da abertura dos mercados nesta segunda-feira 5

Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas
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A inflação permanece no foco dos mercados financeiros nesta semana. “Depois da variação levemente abaixo da esperada no IPCA-15, as atenções se voltam para o resultado fechado de junho e suas implicações para a política monetária”, assinala o boletim Semana em Foco do Bradesco para os clientes. Enquanto, no exterior, a divulgação da ata do Comitê Federal do Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) é que concentrará as atenções de operadores e investidores.

Já no Relatório Focus divulgado hoje, as projeções dos economistas consultados pelo Banco Central mostram uma nova alta do indicador, de 5,97% para 6,07% para este ano. Entretanto, as estimativas para 2022 ficaram em 3,77%, apenas 0,01 ponto percentual abaixo das expectativas da semana passada.

O Focus desta semana trouxe ainda as projeções para a inflação em 2023 e 2024, ambas em 3,25% – ou seja, no centro da meta de inflação da autoridade monetária.

Os economistas do Bradesco, porém, vislumbram um cenário mais benigno para a inflação. Ressaltam que a inflação no atacado desacelerou em junho, para 0,60%, contando com a queda dos preços de produtos agropecuários e a valorização do real ante o dólar registrada nas últimas semanas. A expectativa deles é de que esse movimento baixista persista nos próximos meses, embora os preços das commodities agrícolas tenham subido depois que o Departamento da Agricultura dos Estados Unidos divulgou perspectivas pouco animadoras para a safra norte-americana, na semana passada.

Também na semana passada, o Departamento de Trabalho norte-americano informou que foram criadas 850 mil vagas de trabalho nos EUA fora do setor agrícola no mês passado, resultado acima da expectativa dos mercados, mas a taxa de desemprego teve alta inesperada para 5,9%. Economistas consultados pela Reuters previam a abertura de 700 mil vagas de trabalho no mês passado e uma queda da taxa de desemprego para 5,7%.

Os dados do mercado de trabalho, de toda forma, mostram que sua recuperação é firme, o que pode levar o Fed a ser mais cauteloso em sua redução dos estímulos monetários derivados da crise da Covid-19, segundo analistas. Daí a importância da análise da ata da reunião do FOMC no último dia 16, em que o banco central dos EUA antecipou para 2023 suas projeções para o primeiro aumento do juro básico e, com isso, ensejou especulação sobre quando deverá começar a reduzir suas compras de títulos privados no mercado, injetando dinheiro para ativar a economia.

As expectativas para a economia brasileira também continuam otimistas, com o Relatório Focus trazendo um avanço de 5,05% para 5,18% de crescimento do Produto Interno Bruto deste ano. Já para 2022, as expectativas oscilaram para baixo, de 2,11% para 2,10%.

Com isso, as projeções para a taxa Selic, a taxa de juros de referência da economia brasileira, mantiveram-se estáveis para este ano, em 6,50%, mas subiram para 6,75% ao ano para 2022, ante previsão anterior de 6,5%.

Coerentes com a alta dos juros, os analistas consultados pelo BC antevêm a apreciação do real ante o dólar. Suas projeções para a moeda americana, que estavam em 5,30 reais há um mês e 5,10 reais na semana passada, caíram para 5,04 reais no Focus de hoje.

Entretanto, o dólar continuou avançando frente ao real ao longo da semana, acumulando alta de 2,54% e encerrando a sexta-feira cotado em 5,06. Segundo os analistas da Itaú Asset Management, a alta do dólar responde a dois fatores: os dados positivos de emprego nos Estados Unidos e, no front interno, as tensões políticas derivadas das denúncias de corrupção na compra de vacinas contra a Covid 19 no Ministério da Saúde.

Hoje pela manhã, o dólar comercial registrava alta de 0,58%, a 5,082 reais na compra e 5,083 na venda, enquanto o dólar futuro com vencimento em agosto subia 0,48%, a 5,096.

Essas tensões políticas pesam também na bolsa de valores, que fechou com alta de 1,56%, acumulando 0,29% após uma semana bastante volátil. O cenário externo é o motor dessa recuperação do Ibovespa, que encerrou a sexta-feira em 127.622 pontos. Hoje, com feriado nos EUA e largada preponderantemente à conjuntura doméstica, a bolsa operava em baixa, de olho nos desdobramentos da crise política motivada pelas denúncias de corrupção no Ministério da Saúde.

Comentários dos analistas de mercado apontavam que os protestos de sábado, as novas denúncias envolvendo compras de vacinas e a autorização da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, para abertura de inquérito sobre crime de prevaricação do presidente Jair Bolsonaro, ainda que não resultem em impeachment do presidente, levantam a possibilidade de que Bolsonaro não possa se candidatar à Presidência nas eleições de 2022, caso venha a ser incriminado, o que não agrada ao mercado.

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