Economia

A Semana do Mercado #14: Inflação e juros seguem no radar

O editor de Finanças William Salasar apresenta as principais tendências da abertura dos mercados nesta segunda-feira 21

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil
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A Ata da reunião do Copom sobre a decisão de elevar a taxa básica de juro, a Selic, para 4,25% e o Relatório de Inflação do Banco Central são os eventos mais esperados pelos mercados financeiros nesta semana – que também deve definir a privatização da Eletrobras e, com isso, indicar o grau de disposição do Congresso (e do governo) com as ‘reformas’.

“O comunicado do BC já adiantava um viés mais altista da autoridade monetária e, nesse sentido, o teor da Ata será decisivo para corroborar essa expectativa”, sublinha o analista Aldo Filho da gestora de investimento Aware, observando que, se nas economias desenvolvidas  (particularmente nos Estados Unidos com o pacote de estímulos fiscais do presidente Joe Biden), a perspectiva é de juros mais altos para daqui dois anos, por aqui se pode esperar o aperto monetário até o fim do ano, com a Selic indo a 6,5%.

“A questão é que nossa inflação não é de demanda, isto é, quando a oferta de bens e serviços fica abaixo da procura – aqui temos uma inflação de custos, em que os preços sobem apesar da demanda fraca e do alto desemprego. E ainda tem o agravamento da crise hídrica”, complementa. 

O comunicado divulgado após a reunião mostrou menor preocupação do BC com a recuperação econômica, cujos riscos ele entende terem diminuído expressivamente, enquanto avaliava que aumentou além do esperado a resistência da taxa de inflação e da difusão dos aumentos de preços para outros produtos afora as commodities, sobretudo para os bens industriais, contribuindo para o comportamento das expectativas para a inflação. De fato, o Relatório Focus, em que o BC publica sua pesquisa de projeções entre economistas do mercado, divulgado hoje mostrou que as expectativas para a inflação medida pelo IPCA em 2021 se elevaram de 5,82% para 5,90%, mantendo-se em 3,78% para 2022, depois de cinco aumentos consecutivos.

A meta de inflação a ser perseguida pela autoridade monetária é de 3,75% em 2021 e 3,50% em 2022, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Já a expectativa para a Selic, no final de 2021 aumentou de 6,25% ao ano para 6,50% ao ano, após alta na semana passada. Para o fim de 2022, a projeção para a taxa permaneceu em 6,50% ao ano, quinta manutenção consecutiva.

Apesar das projeções de inflação permanecerem elevadas, para este ano, o analista da Aware indica que a estabilização da taxa de câmbio entre 5 e 5,20 reais será outro elemento a conter a alta dos custos das empresas, na medida em que juros reais de 2%, 2,5% incentivam o fluxo de dólar do exterior. “Com o juro lá fora estável, os arbitradores tomam emprestado em dólar para aplica em reais no mercado doméstico”, explica ele. No Relatório Focus, A expectativa do mercado para o dólar no fim de 2021 caiu de R$ 5,18 para R$ 5,10, após diminuição na semana passada. A projeção para a moeda em 2022 se manteve em R$ 5,20, depois de redução na última semana. 

Neste cenário, o mercado aguarda a definição do Conselho Monetário Nacional, o CMN, para a meta de inflação para 2024, na quinta-feira. Em suas últimas decisões, o Conselho tem adotado uma política de redução gradual da meta, com corte de 0,25 pp ao ano. Caso o CMN siga o padrão dos anos anteriores, observa o boletim semanal da Febraban a meta para 2024 será fixada em 3,00%. “Por ora, o mercado segue projetando uma inflação de 3,25% para 2024, mesmo valor projetado para 2023, indicando que os analistas ainda não incorporaram uma possível mudança da meta em seu cenário para 2024. A dúvida aqui é se a alta recente da inflação vai ou não impactar esta decisão, apesar do longo prazo”, assinala a entidade, para a qual, do ponto de vista das expectativas, parece que o mais adequado seria manter a tendência de redução e fixar a meta em 3,0% para 2024.

Aldo Filho também chama atenção para a votação da MP que permite a privatização da Eletrobras, aprovada no Senado, mas com alterações que remeteram o texto volta à Câmara, onde pode ser apreciada ainda hoje, véspera de se encerrar o prazo de validade da medida. O mercado espera que o projeto inspire novas rodadas de desestatizações, além de abrir espaço para novas discussões privatistas no Congresso, incluindo a reforma administrava e a tributária. “As reformas aprovadas há quatro, cinco anos, como a Previdenciária e a trabalhista ainda não mostraram todo seu potencial de estimulo por causa da pandemia”, assinala o analista.

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