Economia

A preocupação de Haddad com projeto que facilita a demissão do presidente do BC

Líderes do Centrão patrocinam requerimento de urgência para acelera a votação da proposta

A preocupação de Haddad com projeto que facilita a demissão do presidente do BC
A preocupação de Haddad com projeto que facilita a demissão do presidente do BC
O ministro Fernando Haddad. Foto: Diogo Zacarias/MF
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta quarta-feira 3 estar preocupado com uma abrupta articulação de líderes partidários em torno do projeto de lei que autoriza o Congresso Nacional a demitir o presidente e os diretores do Banco Central.

Líderes de seis legendas assinaram na terça 2 um requerimento de urgência para a proposta. O objetivo é fazer com que a análise da matéria aconteça diretamente no plenário.

“[Vejo] com preocupação”, disse Haddad a jornalistas. “Não foi conversado conosco, com o governo de uma maneira geral e, imagino, nem com o Banco Central.”

O ministro disse também não ver qualquer motivo para o projeto avançar. “Não estava na pauta, então preocupa qual é a intenção, o que está por trás. Não traz benefício.”

O atual presidente do Banco Central é Gabriel Galípolo, escolhido pelo presidente Lula (PT). Dos nove integrantes do Comitê de Política Monetária, há sete nomeados pelo atual governo e dois por Jair Bolsonaro (PL).

O deputado Claudio Cajado (PP-BA) encabeça a articulação da urgência, endossada pelos líderes do MDB, Isnaldo Bulhões Jr. (AL); do PP, Doutor Luizinho (RJ); do União Brasil, Pedro Lucas Fernandes (MA); do PSB, Pedro Campos (PE); do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ); e do Republicanos, Gilberto Abramo (MG).

O projeto de lei complementar que os deputados tentam acelerar partiu do então deputado Camilo Capiberibe (PSB-AP), em 2021. Ele propõe alterar o artigo 5º da lei que conferiu autonomia operacional ao BC.

Esse dispositivo define as situações em que o presidente da República pode exonerar o presidente e os diretores do Banco Central. Atualmente, há quatro situações:

  • a pedido;
  • no caso de enfermidade que incapacite o titular para o exercício do cargo;
  • quando sofrerem condenação, mediante decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, por improbidade administrativa ou crime cuja pena acarrete, ainda que temporariamente, a proibição de acesso a cargos públicos; e
  • quando apresentarem comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos do Banco Central.

A proposta em discussão na Câmara acresce um item a essa lista:

“A requerimento aprovado pela maioria absoluta da Câmara dos Deputados quando a condução das atividades do Banco Central for incompatível com os interesses nacionais”.

Diz ainda o texto: “Na hipótese do inciso V, a proposta de exoneração ficará condicionada à aprovação, por maioria absoluta, do Senado Federal”.

A redação atual da lei define que se um presidente ou um diretor do BC apresentar desempenho insuficiente, cabe ao Conselho Monetário Nacional submeter ao presidente da República a proposta de exoneração, que ainda depende de maioria absoluta do Senado.

A diferença, portanto, é que a iniciativa de demissão poderá partir da Câmara. Pautar a votação do requerimento de urgência depende do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).

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