Economia
A luta contra o PIBinho
As discussões estão emparedadas pela intransigência de Guido Mantega em avançar fora do convencional
Ontem houve reunião da equipe econômica com a presidente da República Dilma Rousseff. O objetivo foi um balanço das medidas tomadas até agora e as próximas etapas da luta para impedir que o PIB desabe.
O ponto central de discussão é a posição férrea do Ministro da Fazenda Guido Mantega e do Secretário do Tesouro Arno Agustin em não abrir nenhuma possibilidade de refresco nas metas de superávit primário.
Na mesa, havia duas sugestões do ex-ministro Delfim Netto. Uma, a de permitir a depreciação acelerada de máquinas e equipamentos adquiridos agora. Outra, o de postergar por três meses o pagamento de impostos, permitindo recomposição de capital de giro das empresas.
A primeira poderia ter efeito direto sobre investimentos. A segunda, nem tanto.
De qualquer modo, as discussões estão emparedadas pela intransigência de Guido em avançar fora do convencional.
A luta contra o PIBinho depende de duas frentes relevantes: flexibilização do superávit com medidas eficientes de estímulo ao investimento; agilização no BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), cujo ritmo de liberação de recursos tem provocado inclusive críticas internas no governo.
Não se trata de propor nenhuma imprudência fiscal, mas em um desafogo com data marcada para terminar.
A imagem que se tem, internamente, é a de um time de futebol com dois volantes, que acaba de levar um gol – o PIBinho do primeiro trimestre – e precisa virar o jogo. Para tanto, necessita de atacantes.
E aí se esbarra em dois aspectos do estilo Guido. Um, o da dificuldade em ousar – como o governo fez na crise de 2008. Outro, o discurso descolado da realidade, insistindo desde o começo do ano no crescimento de 4,5% do PIB.
Na época, foi alertado que uma conjugação de fatores não recomendava otimismo. Aliás, uma das normas do discurso econômico é não avançar em prognósticos excessivamente otimistas em relação ao PIB. Pelo contrário, há que se ser otimista na ação, cauteloso na previsão. Sendo conservador, qualquer resultado melhor será comemorado e ajudará a injetar ânimo nos agentes econômicos. Sendo excessivamente otimista, o mesmo resultado provocará frustração.
Guido tem o hábito de inverter a equação. Precisa ser empurrado para decisões mais ousadas; e contido nas projeções irrealistas.
Poucos dias antes do PIBinho insistiu nos 4,5%. No dia do PIBinho, veio com a história de crescimento de 4,5% na ponta (isto é, no último trimestre). Internamente, no governo, teme-se inclusive que o PIB possa ficar abaixo de 2%, devido aos problemas climáticos, aos fatores China e Índia e à dificuldade em uma nova rodada de consumo após a rodada inicial do ano passado.
Há uma estratégia clara delineada:
Todo estímulo ao investimento.
Recomposição do mercado de consumo, através de renegociação das dívidas de uma parte dos consumidores, e de paciência com a outra – aguardando o vencimento dos financiamentos tomados na primeira rodada.
Aproveitar a queda nas cotações de commodities e na economia chinesa para uma intervenção mais vigorosa no mercado cambial.
Não são plantios para serem colhidos este ano, mas nos próximos anos. Inclusive porque a recomposição da safra agrícola deverá ser outro fator positivo para inverter o PIBinho.
Ontem houve reunião da equipe econômica com a presidente da República Dilma Rousseff. O objetivo foi um balanço das medidas tomadas até agora e as próximas etapas da luta para impedir que o PIB desabe.
O ponto central de discussão é a posição férrea do Ministro da Fazenda Guido Mantega e do Secretário do Tesouro Arno Agustin em não abrir nenhuma possibilidade de refresco nas metas de superávit primário.
Na mesa, havia duas sugestões do ex-ministro Delfim Netto. Uma, a de permitir a depreciação acelerada de máquinas e equipamentos adquiridos agora. Outra, o de postergar por três meses o pagamento de impostos, permitindo recomposição de capital de giro das empresas.
A primeira poderia ter efeito direto sobre investimentos. A segunda, nem tanto.
De qualquer modo, as discussões estão emparedadas pela intransigência de Guido em avançar fora do convencional.
A luta contra o PIBinho depende de duas frentes relevantes: flexibilização do superávit com medidas eficientes de estímulo ao investimento; agilização no BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), cujo ritmo de liberação de recursos tem provocado inclusive críticas internas no governo.
Não se trata de propor nenhuma imprudência fiscal, mas em um desafogo com data marcada para terminar.
A imagem que se tem, internamente, é a de um time de futebol com dois volantes, que acaba de levar um gol – o PIBinho do primeiro trimestre – e precisa virar o jogo. Para tanto, necessita de atacantes.
E aí se esbarra em dois aspectos do estilo Guido. Um, o da dificuldade em ousar – como o governo fez na crise de 2008. Outro, o discurso descolado da realidade, insistindo desde o começo do ano no crescimento de 4,5% do PIB.
Na época, foi alertado que uma conjugação de fatores não recomendava otimismo. Aliás, uma das normas do discurso econômico é não avançar em prognósticos excessivamente otimistas em relação ao PIB. Pelo contrário, há que se ser otimista na ação, cauteloso na previsão. Sendo conservador, qualquer resultado melhor será comemorado e ajudará a injetar ânimo nos agentes econômicos. Sendo excessivamente otimista, o mesmo resultado provocará frustração.
Guido tem o hábito de inverter a equação. Precisa ser empurrado para decisões mais ousadas; e contido nas projeções irrealistas.
Poucos dias antes do PIBinho insistiu nos 4,5%. No dia do PIBinho, veio com a história de crescimento de 4,5% na ponta (isto é, no último trimestre). Internamente, no governo, teme-se inclusive que o PIB possa ficar abaixo de 2%, devido aos problemas climáticos, aos fatores China e Índia e à dificuldade em uma nova rodada de consumo após a rodada inicial do ano passado.
Há uma estratégia clara delineada:
Todo estímulo ao investimento.
Recomposição do mercado de consumo, através de renegociação das dívidas de uma parte dos consumidores, e de paciência com a outra – aguardando o vencimento dos financiamentos tomados na primeira rodada.
Aproveitar a queda nas cotações de commodities e na economia chinesa para uma intervenção mais vigorosa no mercado cambial.
Não são plantios para serem colhidos este ano, mas nos próximos anos. Inclusive porque a recomposição da safra agrícola deverá ser outro fator positivo para inverter o PIBinho.
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