A lenta recuperação da economia

CNI aposta no crescimento do setor nos próximos meses, mas perdas do primeiro semestre podem ser irreversíveis

Crédito impulsiona venda de carros. Foto: Anderson Gores/AE

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Para duas instituições representativas da indústria – a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e o IEDI (Instituto de Estudos de Desenvolvimento Industrial) – o setor começa a mostrar sinais de recuperação.

A CNI aposta em retomada de crescimento nos próximos meses, conforme avaliação do seu gerente executivo, Flávio Castelo Branco. A pesquisa Indicadores Industriais revelou uma queda no faturamento real do setor, de 2,4% em julho em relação a junho. Mas comprou um aumento na UCI (Utilização da Capacidade Instalada) de 80,7% para 81,6%.

Houve aumento de 0,2% do emprego – terceiro seguido -, embora as horas trabalhadas tenham caído 0,3%. Ambas as mudanças apontam para estabilização, interrompendo o processo de queda. A aposta na melhoria de desempenho se deve à queda dos juros, à desoneração de bens duráveis e dos encargos sobre a folha de salários em vários setores.

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Dois dos 19 setores pesquisados tiveram comportamento negativo: metalurgia básica e borracha e plástico. No primeiro caso, queda de 5,5% no faturamento e de 2,3% na produção em relação a julho de 2011. NO segundo caso, queda de 1% no faturamento.

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Mesmo recuperando-se no segundo semestre, o panorama do ano não é animador. Segundo o IEDI, há a possibilidade da recuperação não compensar as perdas do primeiro semestre, fechando o ano com queda. No primeiro semestre, a queda foi de 3,7%.

Assim, há que se analisar os resultados na “margem”, na ponta. Justamente os aumentos na produção de bens de capital e na utilização de capacidade interna. O IEDI entendeu que investimentos podem estar se recuperando assim como as compras internas dentro da indústria. Saliente-se o fato de que12 segmentos apresentaram resultado positivo em julho.

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Mesmo assim, os dados do ano assustam:

“Ainda na comparação com julho de 2011, a produção de bens de capital caiu 9,1% em julho deste ano, assim como recuaram as produções de bens duráveis (–2,7%), de bens semi e não duráveis (–2,3%) e de bens intermediários (–1,7%). No acumulado dos sete primeiros meses do ano, as quedas de produção são muito significativas em bens de capital (–12,0%), em bens duráveis (–8,4%) e em bens intermediários (–2,5%). A produção de bens de consumo semi e não duráveis também caiu no acumulado do ano até julho, mas em menor proporção (–0,5%)”.

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Numa outra frente importante para a definição do PIB (Produto Interno Bruto), a construção civil, o mercado continua aquecido. O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) de agosto, medido pelo IBGE, apresentou alta de 5,49% nos últimos doze meses.

O Rio de Janeiro registrou o maior custo por metro quadrado do país, com R$ 951,86. Esse índice serve de parâmetro para a fixação de custos de execução de obras públicas.

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Muito dificilmente o PIB chegará no final do ano crescendo a 4 ou 4,5% na ponta, como prevê o Ministro da Fazenda Guido Mantega. Conseguiu-se interromper a queda, mas o ritmo da recuperação ainda é uma incógnita.

Como dizia o ex-Ministro Mário Henrique Simonsen, produzir queda na atividade econômica é como puxar um saco com uma corda; retomar o crescimento é como empurrar o saco com a corda.

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