Colocada em suspenso em junho, por conta de uma queda de confiança do mercado, a Oferta Pública Inicial (IPO na sigla em inglês) da JBS Foods, prevista para ocorrer em outubro, pode sofrer um novo atraso por conta de uma análise da Comissão de Valores Mobiliários sobre a sua controladora JBS.
A denúncia feita pela CartaCapital na edição 814, de 27 de agosto, sobre a existência de um acordo de gaveta entre as famílias Batista e Bertin, sócias na JBS Friboi, pode influenciar a avaliação da comissão para conceder o registro de companhia aberta e da oferta para a empresa. A JBS Foods é uma unidade de negócios da JBS criada em janeiro deste ano para englobar a Seara e a JBS Aves.
Pelo acerto, nunca divulgado à CVM, Receita Federal e BM&F Bovespa, os Bertin se comprometiam a repassar aos Batista uma parte maior de suas ações na empresa. Em troca, receberiam 750 milhões de reais. O acordo representa uma fraude contábil e fiscal, com prejuízos aos acionistas minoritários.
Depois das revelações da revista, a BM&F Bovespa pediu explicações à JBS. A companhia divulgou uma nota de esclarecimento. Desta vez, foi mais incisiva e negou peremptoriamente a existência do contrato de gaveta. A conversa com CartaCapital foi um pouco diferente. Joesley Batista, presidente da holding J&F, disse não se lembrar de ter assinado o documento. E o diretor-executivo de Relações Institucionais da JBS, Francisco de Assis e Silva, afirmou que o acordo não “existia juridicamente”.
Na terça-feira 2, a CartaCapital publicou um fac-símile do acordo. Sem esclarecer devidamente à CVM sobre o documento, a empresa pode ficar sem o registro para que uma empresa do grupo abra seu capital na bolsa.