Economia
A expansão do microcrédito
Modalidade de financiamento deve crescer 20% neste ano


As instituições de microfinanças lograram crescer 20% ao ano durante o período mais agudo da pandemia, em que a oferta de crédito, em geral, foi reduzida. O segredo, diz a nova presidente da Associação Brasileira de Entidades Operadoras de Microcrédito e Microfinanças, Isabel Baggio, reside na preocupação em sustentar e garantir a sobrevivência de seus clientes, reescalonando débitos, reduzindo custos e renunciando a receitas. “Isso deve se repetir em 2022 em razão da retomada da economia e como fruto desse posicionamento, que fez as instituições de microcrédito conseguirem penetrar segmentos atendidos pelos bancos”, ressalta Baggio, que também dirige o Banco da Família, de Santa Catarina. Ela explicou a CartaCapital que, apesar de a alta da taxa da Selic e da inflação pressionar o custo de captação (1,5% ao mês) e de o juro ser limitado a 4% ao mês, mais a Taxa de Abertura de Crédito de 3%, o microcrédito sai mais barato para o tomador da base da pirâmide, pela isenção do Imposto sobre Operações Financeiras e por não exigir reciprocidade, como títulos de capitalização e seguros. A Abcred estima dobrar a carteira de quase 1 bilhão de reais de 2021, em dois anos, se tiver mais apoio oficial, sustenta: “A gente espera contar com o reconhecimento do governo federal sobre a importância dessa modalidade de crédito para a geração de emprego e renda no Brasil”.
Imagem: Cláudio Belli/Febraban
EFEITO DESMATAMENTO
Imagem: Victor Moriyama/Greenpeace Brasil
“As quedas de chuvas ligadas ao desmatamento no sul da Amazônia brasileira poderiam causar perdas agrícolas, por exemplo, quedas na produção de soja e pecuária, avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares por ano entre agora e 2050”, alerta a FAO, agência da ONU para Alimentação e Agricultura. Interromper o desmatamento, restaurar as áreas degradadas e expandir as agroflorestas e o uso sustentável das matas, além de evitar e reverter o aquecimento global, ajudariam a atender à demanda futura por materiais, além de viabilizar economias sustentáveis com mais oportunidades de emprego e meios de subsistência mais seguros.
NÃO À JBS
O Colegiado da Comissão de Valores Mobiliários rejeitou a proposta de Termo de Compromisso em que os irmãos Joesley Mendonça Batista e Wesley Mendonça Batista, da JBS, ofereceram 3 milhões de reais, cada um, para encerrar o processo no qual são acusados de abusar de seus cargos para aprovar as próprias contas em assembleia-geral ordinária realizada, em abril de 2017, quando eram presidente e vice do Conselho de Administração. Os Batista comunicaram que recorrerão ao Judiciário, pois o colegiado contrariou parecer do Comitê de Termo de Compromisso, que sugeriu a aceitação da proposta. A CVM não esclareceu as razões da recusa.
OI, TCHAU
Após três meses de vacas gordas, o investimento estrangeiro na Bolsa emagreceu 7,677 bilhões de reais, em abril, informa a B3. Este foi um dos fatores que pesaram na queda de 10% do Ibovespa no mês, o pior desempenho mensal desde março de 2020, no início da pandemia. Embora o saldo total continue superavitário, em 57,65 bilhões, a retirada é preocupante, pois o saldo anual do investidor individual é negativo em 6,58 bilhões de reais e o do institucional, em 63,51 bilhões. Ou seja, sem o capital estrangeiro, a Bolsa brasileira não teria se saído melhor do que os mercados de economias desenvolvidas.
RESSACA
Puxadas pela derrocada de 14,9% das ações da Amazon, para 2.460,12 dólares, os papéis das gigantes do comércio eletrônico dos EUA estão em franco declínio, indicando que a bonança propiciada pela pandemia chegou ao fim. Neste ano, a Amazon acumula queda de 27,40%, a Etsy caiu 57%, a Wayfair perdeu 60% e a Shopify, 67%. Não só a volta às compras presenciais com o arrefecimento da pandemia explica a retração do e-commerce. Analistas ouvidos pela Bloomberg destacam o papel da maior inflação dos últimos 40 anos, com os gastos com energia em particular esvaziando o bolso dos consumidores.
PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1207 DE CARTACAPITAL, EM 11 DE MAIO DE 2022.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “A expansão do microcrédito”
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