Economia

À espera da segunda versão do PNLI

O próximo Plano Nacional de Logística Integrada será muito melhor do que o que foi anunciado na semana passada

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O próximo Plano Nacional de Logística Integrada (PNLI) será muito melhor do que o que foi anunciado na semana passada. Esta é a opinião de Renato Pavan, da Macrologística, um dos grandes especialistas brasileiros da matéria.

Em sua opinião, a melhor notícia do PNLI foi o da criação da Empresa de Planejamento e Logística (EPL) e a nomeação de Bernardo Figueiredo para dirigi-la. Recria-se o extinto Geipot (Empresa Brasileira de Planejamento e Transportes). E pode-se esperar uma reedição do PNLI com mais substância do que na primeira versão.

Caberá à EPL estudar os projetos, montar projetos executivos e, principalmente, analisar a logística de forma sistêmica, integrada – algo que, segundo Pavan, faltou ao plano anunciado na semana passada.

***

Bernardo Figueiredo era o melhor quadro de logística do governo, presidindo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Em março passado, para demonstrar sua insatisfação com o governo, o Senado rejeitou sua recondução ao cargo pelo placar de 36 votos contra 31.

Sem ele, o PNLI acabou sendo conduzido pelo Ministério dos Transportes, mas a própria discussão de logística tornou-se difusa. Não se sabia quando o interlocutor era o Ministério dos Transportes, do Planejamento, a Casa Civil ou a Secretaria dos Portos.

***

Sem um comando mais centralizado e um ator mais ativo, o PNLI cometeu dois erros.

O primeiro é que, apesar do “integrado” no nome, não se cuidou de apresentar essa integração nos projetos. O PNLI acabou sendo uma colcha de retalhos de projetos soltos, sem a necessária integração. Há um pedaço de rodovia aqui, de ferrovia ali, um porto acolá. Teria sido mais eficiente oferecer à concessão projetos integrados e já estudados.

O segundo, foi ter desconsiderado vários trabalhos já elaborados pelo setor privado – como os projetos bancados pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) -, com visão integrada e com identificação clara de obras de interesse econômico.

Em muitos casos, a integração depende de obras menores, mas essenciais. Mais importante, são obras já analisadas e despertando interesse de empresas privadas.

Tivesse havido essa interlocução, além do enriquecimento dos projetos, haveria muito mais clareza no objetivo de atrair o capital privado.

***

Muitas das obras apresentadas não tem projeto executivo.

Das obras oferecidas ao setor privado, por exemplo, a Rodovia 163 (Cuiabá-Santarém) já está em andamento e poderá suscitar algum interesse, informa Pavan. Hoje em dia há um grande tráfego de veículos, 5 mil carretas mês, que saem do polo de Manaus e transbordam para Belém, pegando a 153 (Belém-Brasília). Com a 163, haverá desvio e ganho de tempo e de custo.

Alguns trechos da BR 101 também deverão despertar interesse. Mas não muito mais que isso.

***

O mais importante é, agora, com o time completo, a EPL assuma a coordenação dos estudos, integre com os estudos já elaborados pelo setor privado e remonte as peças do jogo. O PNLI teve o mérito de acenar que investimento, especialmente em logística, tornou-se prioridade; já existem as ferramentas jurídicas para a parceria e as ferramentas econômicas.

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Caberá à EPL estudar os projetos, montar projetos executivos e, principalmente, analisar a logística de forma sistêmica, integrada – algo que, segundo Pavan, faltou ao plano anunciado na semana passada.

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O primeiro é que, apesar do “integrado” no nome, não se cuidou de apresentar essa integração nos projetos. O PNLI acabou sendo uma colcha de retalhos de projetos soltos, sem a necessária integração. Há um pedaço de rodovia aqui, de ferrovia ali, um porto acolá. Teria sido mais eficiente oferecer à concessão projetos integrados e já estudados.

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