Economia

A chinesa State Grid mostra força no setor elétrico brasileiro

A companhia estatal comprou 23 concessionárias por 6,5 bilhões de reais e investirá mais 24 bilhões

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Constituída no Brasil em 2010, a State Grid Brasil Holding, com sede no Rio de Janeiro, controlada pela estatal State Grid Corporate of China, comprou 23 concessionárias do estratégico serviço público de transmissão de energia até dezembro do ano passado. As transações envolveram a aquisição da totalidade do capital de 18 das empresas e de 51% das restantes. O investimento somou 6,5 bilhões e está previsto o desembolso adicional de 24 bilhões em licitações do Sistema Interligado Nacional. 

No ano passado, a filial brasileira obteve um lucro líquido de 88,4 milhões de reais, mais do dobro do resultado de 2015, de 42 milhões. No mesmo período, a extensão de linhas de transmissão no País sob seu controle passou de 12,6 mil quilômetros para 14 mil quilômetros e os ativos totais aumentaram de 8,6 bilhões para 11,2 bilhões. Os dados são do balanço da companhia, publicado na sexta-feira 24. 

As empresas de transmissão de energia com 100% do capital adquiridos pela State Grid são Expansion Rio de Janeiro, Expansion Itumbiara-Marimbondo, Itumbiara, Porto Primavera, Serra da Mesa, Poços de Caldas, Ribeirão Preto, Serra Paracatu, Iracema, Catxerê, Araraquara, Itatim, Marechal Rondon, Atlântico Pará, Montes Claros, Xingu, Canarana e Paranaíta-Ribeirãozinho.

A chinesa comprou 51% do controle das transmissoras Matrinchã, Guaraciaba, Luziânia-Niquelândia, Paranaíba e Belo Monte. 

Apesar do investimento de multinacionais no país asiático ser condicionado à transferência de tecnologia das ingressantes, não há notícia de exigência de qualquer tipo de contrapartida, por parte do governo brasileiro, à State Grid ou outra companhia estrangeira investidora no País.

Segundo vários economistas, a falta de um marco regulatório, com limites e responsabilidades para as firmas estrangeiras, é motivo de preocupação. A desnacionalização implica remessa permanente de lucros, que afeta negativamente o balanço de pagamentos. Significa, ainda, maiores dificuldades de convergência para objetivos de política industrial e compromissos com localização de unidades, conteúdo local obrigatório, desenvolvimento de inovações e manutenção de empregos.

As exigências de um marco regulatório deveriam incluir definições quanto às tarifas e aos preços, por causa do risco de surgir um monopólio privado com grande poder de formação de preços.

O interesse chinês em aquisições no setor de energia se deve, entre outros motivos, ao fato das tarifas terem, em parte, indexação ao dólar através da correção pelo IGP e proporcionarem um hedge ou proteção contra as oscilações da moeda estrangeira.

A State Grid Corporate of China tem 1,9 milhão de funcionários, atende a 1,1 bilhão de indivíduos e suas operações no exterior abrangem Filipinas, Brasil, Portugal e Austrália, entre outros países.

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