Passava-se a primeira metade da década de 1990 e o “Mundo de Alice” oferecido pelos equilibristas de plantão estava longe de ser entregue. A desregulamentação dos mercados financeiros, a abertura das contas de capitais, privatizações e cortes de direitos sociais não foram substituídos por economias mais dinâmicas nem no centro, muito menos na periferia. Mas os donos da narrativa (e do dinheiro) mantinham-se firmes. Foi uma época em que a crise financeira asiática de 1997 serviu de suporte para que os profetas do “neoinstitucionalismo” e os explicadores das razões dos “fracassos das nações” fossem à ofensiva contra as experiências desenvolvimentistas, a começar da Coreia do Sul. Poucos deram bola ao papel da China na estabilização da situação econômica regional. Mas já era pauta na bolsa de apostas de Londres, não se a China iria quebrar, e sim quando.
Desde então, vêm se multiplicando as capas de revistas e longas entrevistas de “especialistas” explicando por “a” mais “b” o iminente colapso chinês. Essa espécie de narrativa vem se fortalecendo nos últimos anos, quando, por escolha própria, os chineses optaram por taxas menores de crescimento. Essa opção tem explicações. A escolha por crescer “verde”, por investimentos maciços em ciência, tecnologia e inovação e o foco na geração de 13 milhões de empregos urbanos por ano, “doa a quem doer”, foi limpando o terreno de alguns desequilíbrios que o crescimento de dois dígitos carrega em sua natureza. Inclusive, aquele que o presidente Xi Jinping chama de “crescimento descontrolado do capital”.
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