Economia

A avaliação de Fernando Haddad sobre o projeto que reonera a folha de 17 setores e de municípios

Ministro comentou o tema em entrevista ao programa ‘Bom Dia, Ministro’, produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC)

A avaliação de Fernando Haddad sobre o projeto que reonera a folha de 17 setores e de municípios
A avaliação de Fernando Haddad sobre o projeto que reonera a folha de 17 setores e de municípios
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a aprovação do fim da desoneração das folhas de pagamento de 17 setores da economia foi complexo, e que o governo conquistou algo que vinha sendo tentado há muito tempo.

“Foi muito difícil. Mais de dez anos tentando rever isso e ninguém conseguia. E chegou um momento, envolvendo o Supremo, Senado, Câmara, chegou o momento de por ordem nesse problema”, disse nesta quinta-feira 12 em entrevista ao programa Bom Dia, Ministro, da comunicação institucional do Governo em parceria com rádios de diferentes partes do País.

Haddad afirmou que o processo foi dificultado pela pressão exercida por representantes de grandes empresas dos setores afetados pelo projeto da reoneração e defendeu a posição do governo de tentar reequilibrar as contas buscando não causar impacto nos programas de governo voltados para a baixa renda.

“Eu sei que tem muito lobby. Não tem lobby de pobre em Brasília. O que você tem é lobby de empresa; escritório de advocacia… É um inferno isso aqui”, disse, sem meias palavras. “Você deixa uma grande empresa dez anos sem pagar imposto para fazer ajuste fiscal em cima de salário mínimo? De Bolsa Família?”, indagou.

Haddad valorizou ainda a relação com o Congresso, apesar das turbulências. Ele citou nominalmente os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

“Estamos tendo a energia e a compreensão necessárias do Congresso de que essa fase terminou. Essa fase da pauta-bomba, do jabuti, do favor, tem que terminar. Em busca de mais transparência, de oferecer apoio a quem precisa, e há empresas que precisam de apoio, como indústrias nascentes e de áreas estratégicas ou sensíveis”, comentou.

“Eu estou otimista com a economia brasileira. Sem subestimar os problemas e desafios, eles existem. Temos que endereçar novas medidas, a cada ano há um processo de revisão e amadurecimento, inclusive político. Às vezes as pessoas reagem a mudanças necessárias e é natural: numa democracia ninguém impõe sua vontade”, disse.

Imposto de renda e grandes fortunas

O ministro foi perguntado sobre aumento das faixas de isenção do Imposto de Renda (IR), uma promessa de campanha de Lula em 2022. Ele contou que a área técnica da Fazenda ofereceu propostas sobre o tema, que está nas mãos de Lula.

“O presidente de fato se comprometeu com isso. Ele encomendou estudos que permitissem chegar no último ano de seu governo à cifra de 5 mil reais [de faixa salarial para isenção]. Apresentamos para ele alguns cenários. Eu só posso falar quando ele validar algum dos cenários, e aí vai ser uma proposta do governo federal”, apontou.

Quando consultado sobre a cobrança de impostos sobre grandes fortunas, Haddad disse que o tema é alvo de uma discussão entre a área econômica dos países do G20, já que tentativas isoladas de determinados países não trouxeram resultados satisfatórios. Não está descartada uma regulação internacional.

“Nem todo super rico está disposto a pagar imposto. Em geral, essa turma tem uma certa dificuldade em encarar o fisco”, disse, entre risadas. “Não é simples, é uma construção difícil, mas o mundo está precisando de ideias novas”.

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