Economia
A articulação para acelerar projeto que autoriza o Congresso a demitir a chefia do BC
Requerimento de urgência pode levar a votação diretamente ao plenário


Líderes de seis partidos assinaram, nesta terça-feira 2, um requerimento de urgência para o projeto de lei que autoriza o Congresso Nacional a demitir o presidente e os diretores do Banco Central.
Se a Casa aprovar a urgência, a análise da matéria ocorrerá diretamente no plenário, sem ter de passar pelas comissões temáticas. É uma forma de acelerar a votação de uma proposta.
O deputado Claudio Cajado (PP-BA) encabeça a articulação da urgência, endossada pelos líderes do MDB, Isnaldo Bulhões Jr. (AL); do PP, Doutor Luizinho (RJ); do União Brasil, Pedro Lucas Fernandes (MA); do PSB, Pedro Campos (PE); do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ); e do Republicanos, Gilberto Abramo (MG).
O projeto de lei complementar que os deputados tentam acelerar partiu do então deputado Camilo Capiberibe (PSB-AP), em 2021. Ele propõe alterar o artigo 5º da lei que conferiu autonomia operacional ao BC.
Esse dispositivo define as situações em que o presidente da República pode exonerar o presidente e os diretores do Banco Central. Atualmente, há quatro situações:
- a pedido;
- no caso de enfermidade que incapacite o titular para o exercício do cargo;
- quando sofrerem condenação, mediante decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, por improbidade administrativa ou crime cuja pena acarrete, ainda que temporariamente, a proibição de acesso a cargos públicos; e
- quando apresentarem comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos do Banco Central.
A proposta em discussão na Câmara acresce um item a essa lista:
“A requerimento aprovado pela maioria absoluta da Câmara dos Deputados quando a condução das atividades do Banco Central for incompatível com os interesses nacionais”.
Diz ainda o texto: “Na hipótese do inciso V, a proposta de exoneração ficará condicionada à aprovação, por maioria absoluta, do Senado Federal”.
A redação atual da lei define que se um presidente ou um diretor do BC apresentar desempenho insuficiente, cabe ao Conselho Monetário Nacional submeter ao presidente da República a proposta de exoneração, que ainda depende de maioria absoluta do Senado.
A diferença, portanto, é que a iniciativa de demissão poderá partir da Câmara. Pautar a votação do requerimento de urgência depende do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Trump coloca independência do banco central dos EUA em xeque
Por Deutsche Welle
CCJ do Senado deve votar PEC que amplia autonomia do Banco Central na semana que vem
Por Wendal Carmo
Banco central dos EUA resiste à pressão de Trump e mantém taxa de juros
Por AFP