As políticas econômicas de austeridade não se compõem só de medidas fiscais. É uma “trindade” formada ainda por juro bancário alto e privatização de bens públicos, diz a economista italiana Clara Mattei, que dá aulas de pós-graduação na New School Of Social Research, em Nova York. A perna fiscal da “trindade” costuma ser vista como cortes de gastos (daqueles a punir os mais pobres, claro), mas é mais que isso. Aliviar a tributação dos de cima e apertar a dos de baixo faz parte do pacote, segundo Clara.
Em 2022, ela lançou um livro com base em pesquisas sobre a ditadura inaugurada um século antes pelo conterrâneo Benito Mussolini. Na obra, expõe a seguinte conclusão: austeridade e fascismo andam de mãos juntas. O livro será publicado aqui em novembro, com o título A Ordem do Capital – Como Economistas Inventaram a Austeridade e Abriram Caminho para o Fascismo. Nos últimos dias, Clara participou, por videoconferência, de um seminário promovido em Brasília pelo Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais, o Sindifisco. E deu uma entrevista por escrito a CartaCapital.
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