Do Micro Ao Macro
Veja as principais tendências para os próximos anos do setor financeiro e de fintechs
Especialista destaca avanços como tokenização, inteligência artificial e transferências automáticas no novo ecossistema digital


O Brasil se tornou referência global em open finance. Em apenas três anos, o país consolidou um sistema robusto, com cerca de R$ 2 bilhões investidos por bancos, segundo dados da Federação Brasileira de Bancos.
Esse modelo permite o compartilhamento de dados entre instituições financeiras, ampliando a transparência e incentivando a personalização dos serviços para os consumidores.
O avanço no setor tem aberto espaço para novas tecnologias e serviços financeiros mais acessíveis.
Portabilidade de crédito e investimentos ganha força
Rogério Melfi, CPO da fintech PilotIn, aponta que uma das principais transformações será a portabilidade.
A funcionalidade permitirá que usuários migrem empréstimos ou aplicações entre diferentes instituições com mais agilidade.
Segundo ele, com a ampliação do número de instituições integradas ao open finance, a concorrência tende a aumentar.
Isso deve gerar ofertas mais personalizadas e ampliar o controle dos clientes sobre suas finanças.
Inteligência artificial deve automatizar atendimento e gestão financeira
Outro destaque é o uso crescente da inteligência artificial no setor. Melfi prevê que bancos e fintechs utilizarão IA generativa para melhorar o atendimento ao cliente, fortalecer mecanismos antifraude e automatizar processos operacionais.
Essa automação trará ganhos de eficiência e redução de custos. Além disso, permitirá o surgimento de soluções financeiras mais precisas e adaptadas ao perfil de cada usuário.
Transferências automáticas entre contas devem se popularizar
As chamadas transferências inteligentes são uma tendência esperada para 2025. A tecnologia permitirá que os consumidores programem movimentações entre contas de diferentes bancos de forma automática.
Com isso, será possível evitar o uso do cheque especial, reduzir taxas e organizar melhor o fluxo de caixa pessoal ou empresarial. Para Melfi, esse tipo de movimentação reforça o papel do open finance como infraestrutura do novo sistema financeiro.
Tokenização democratiza o acesso a investimentos
A tokenização de ativos também deve ganhar espaço. A tecnologia permite que bens físicos — como imóveis, energia ou obras de arte — sejam convertidos em frações digitais negociáveis.
De acordo com o especialista, essa inovação torna o mercado mais transparente, seguro e acessível. Investidores poderão aplicar em novos tipos de ativos com custos reduzidos e liquidez ampliada.
Drex deve conectar dinheiro digital a ativos tokenizados
Ainda em fase piloto, o Drex — moeda digital emitida pelo Banco Central — será um marco na transformação financeira. O ativo será a representação tokenizada do real e poderá ser usado para transações automatizadas com contratos inteligentes.
A tecnologia facilitará a integração entre o dinheiro digital e ativos como imóveis ou energia. Isso deve criar um ecossistema mais ágil, com menor dependência de intermediários e redução de custos.
Open finance oferece mais controle financeiro ao consumidor
Para Rogério Melfi, a combinação entre open finance e inteligência artificial muda a forma como os consumidores interagem com os serviços financeiros.
A personalização das ofertas, a automação e a transparência nos dados devem tornar o acesso a crédito e produtos mais simples e eficiente.
“O objetivo é ajudar o usuário a gerenciar suas finanças com mais autonomia e facilidade, alinhando as soluções às suas reais necessidades”, afirma o executivo.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.