Do Micro Ao Macro

Vale-Transporte faz 40 anos entre desafios e inovações

O VT enfrenta desafios significativos como a falta de integração nos sistemas de mobilidade urbana e a escassez de recursos financeiros para o setor

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Desde a sua criação em 1985, o Vale-Transporte se tornou fundamental para a locomoção dos trabalhadores no Brasil. Apesar dos desafios em sua administração e distribuição, o benefício continua evoluindo, incorporando inclusive tecnologias como inteligência artificial para melhorar sua eficácia.

Leticia Deus, gerente de RH na RB Serviços, empresa especializada em gestão de Vale-Transporte, analisa a trajetória do benefício e sua relevância para os trabalhadores. Segundo ela, o VT enfrenta desafios significativos como a falta de integração nos sistemas de mobilidade urbana e a escassez de recursos financeiros para o setor. Além disso, a resistência histórica de alguns setores e a informalidade na execução ainda persistem.

A especialista destaca, no entanto, oportunidades de integração com sistemas de transporte multimodal e a modernização dos métodos de pagamento e controle. Ela enfatiza a importância de desenvolver parcerias entre governos, empresas e provedores de transporte para criar soluções inovadoras e sustentáveis que beneficiem tanto os trabalhadores quanto a população em geral.

“Em muitos lugares do Brasil ainda se trabalha com fichas, vale transporte de papel, até mesmo o cartão magnético já poderia ser substituído, não totalmente, mas parcialmente, por aplicativos de celular”, afirmou.

Ela ressaltou a necessidade de garantir que todas as evoluções no sistema de VT se alinhem com os princípios de acessibilidade, equidade, eficiência e sustentabilidade, assegurando um transporte acessível e eficaz para todos os trabalhadores.

Um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) destaca a importância de uma gestão eficiente do sistema público de transporte e do Vale-Transporte, notando que 36% dos trabalhadores brasileiros gastam mais de uma hora diariamente em deslocamentos para trabalho e estudo.

Inovação

A RB Serviços desenvolveu um software de roteirização que trabalha diretamente com o Vale-Transporte, realizando uma auditoria dos caminhos e padronizando os gastos por região. Este sistema fornece informações detalhadas sobre o tempo de caminhada, a linha de transporte ideal, locais de embarque e desembarque, além das tarifas aplicáveis.

Futuro

As expectativas para o futuro incluem a integração tecnológica avançada do sistema, com a adoção de soluções digitais como aplicativos móveis para o gerenciamento de benefícios, pagamentos sem contato e emissão de bilhetes eletrônicos.

Letícia Deus também prevê que o programa de Vale-Transporte evoluirá para oferecer opções mais personalizadas e flexíveis, considerando as necessidades individuais de deslocamento dos trabalhadores.

Além disso, ela antecipa que o benefício deverá incorporar incentivos para o uso de transportes mais sustentáveis, como veículos elétricos, se alinhando com esforços para melhorar a qualidade e a eficiência da mobilidade urbana. Isso incluirá investimentos em infraestrutura, frota de veículos, segurança e acessibilidade.

Histórico

Antes da implementação do Vale-Transporte, os trabalhadores arcavam com 100% dos custos de deslocamento, o que frequentemente representava uma parte significativa de sua remuneração. A ausência de um subsídio específico para o transporte público criava dificuldades adicionais para os trabalhadores, impactando negativamente sua qualidade de vida e até mesmo sua capacidade de manter o emprego.

A situação era particularmente desafiadora para trabalhadores de baixa renda, que precisavam equilibrar os custos de deslocamento com outras despesas essenciais. Para os empregadores, isso resultava em altos índices de ausências e atrasos devido à falta de transporte adequado.

Com o crescimento da força de trabalho e o avanço das décadas, o transporte público se tornou um negócio atraente, atraindo novos investidores e inovações tecnológicas. O Vale-Transporte foi instituído pela Lei nº 7.418 de 16 de dezembro de 1985, e é caracterizado por não ter natureza salarial, não incorporar à remuneração.

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