Do Micro Ao Macro
Turismo enfrenta impactos do IOF, mudanças nos EUA e expectativa da COP30
Boletim Braztoa 2025 mostra ajustes estratégicos das operadoras diante de instabilidade regulatória, geopolítica e climática


O aumento do IOF no primeiro semestre encareceu pacotes e afetou a confiança do consumidor. Segundo a Braztoa, 19% das operadoras relataram alta significativa nos custos das viagens, enquanto 32% registraram prejuízos diretos. Outros 23% apontaram ajustes no comportamento dos clientes, como redução de estadias e troca de destinos.
A falta de previsibilidade fragilizou o planejamento das empresas e reforçou a necessidade de maior diálogo com o governo para estabilidade regulatória.
Estados Unidos perdem fôlego
Mudanças em vistos, taxas adicionais e insegurança na entrada afetaram a demanda para os Estados Unidos. Apenas 3% das operadoras relataram cancelamentos, mas 45% apontaram queda nas vendas futuras.
Quando consideradas questões geopolíticas não ligadas ao turismo, 48% também indicaram retração. Para lidar com esse quadro, 10% das empresas passaram a priorizar outros destinos, enquanto 38% relatam clientes buscando alternativas espontaneamente.
Verão europeu em observação
Altas temperaturas e superlotação seguem no radar. Até agora, 7% das operadoras observaram queda na procura e 13% consideraram cedo para medir o impacto.
Ainda assim, 27% receberam comentários sobre desconfortos e 20% registraram queixas de clientes viajando em 2025. Apenas 7% identificaram mudança de destino ou período, enquanto 63% não perceberam alterações relevantes.
Temporada de neve
No Chile e em Bariloche, a superlotação de 2024 refletiu em 12% das empresas, que viram queda de procura. Outros 15% citaram menções de clientes sem impacto nas vendas.
Para 27% das operadoras, a resposta foi diversificar destinos, incluindo Patagônia, Ushuaia e Chubut. Já 38% mantiveram foco nos centros tradicionais.
Argentina em avaliação
A percepção de custo-benefício reduziu a atratividade do país. Para 53% das operadoras, a Argentina foi considerada pouco vantajosa. Apenas 23% a avaliaram como atrativa, e outros 23% mantiveram posição neutra.
Parte dos operadores acredita que a percepção pode mudar no segundo semestre, enquanto 48% consideram cedo para projeções.
Belém e a COP30
A capital paraense foi destaque no primeiro semestre, com a expectativa da COP30 em novembro. Até agora, 38,7% das operadoras não registraram impacto nas vendas. Apenas 12,9% observaram aumento no interesse, e 22,6% relataram retração devido a preços e desafios logísticos.
Uma parcela menor já prepara pacotes específicos, apostando na visibilidade do evento como oportunidade futura.
Adaptação do setor
Para Fabiano Camargo, presidente do Conselho da Braztoa, a instabilidade econômica e regulatória exige estabilidade para proteger consumidores e operadoras.
Marina Figueiredo, presidente executiva da associação, destacou que acompanhar o pulso do mercado é essencial para antecipar mudanças e orientar decisões.
Rayane Ruas, CEO da Sprint Dados, reforçou que o boletim conecta vendas, destinos e fatores externos, gerando inteligência estratégica para o setor.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.