Do Micro Ao Macro
Trabalho remoto aumenta engajamento, mas eleva estresse, indica pesquisa
Estudo mostra que profissionais remotos se sentem mais produtivos, porém relatam mais exaustão emocional; empresas brasileiras buscam equilíbrio entre desempenho e bem-estar


O avanço do trabalho remoto segue como uma das principais transformações do mercado de trabalho, mas os desafios de manter produtividade e bem-estar continuam em pauta.
De acordo com o relatório The Remote Work Paradox, divulgado pela Gallup em 2025, profissionais que atuam totalmente a distância apresentam maior engajamento com suas funções, embora relatem níveis mais altos de estresse e esgotamento emocional.
Engajamento e exaustão
O levantamento define o fenômeno como “paradoxo do trabalho remoto”, em que a flexibilidade e a autonomia coexistem com o aumento da sobrecarga mental. A Gallup aponta que o modelo impulsiona o desempenho individual, mas pode provocar isolamento social e queda no senso de pertencimento.
Por isso, o estudo recomenda que as empresas invistam em interações regulares e cultura de equipe sólida, mesmo em ambientes digitais, para preservar a saúde mental dos trabalhadores.
Preferência por flexibilidade
No Brasil, a adesão ao modelo remoto permanece forte. Segundo a pesquisa Talent Trends Tech 2025, da Michael Page, 47% dos profissionais de tecnologia afirmaram que deixariam seus empregos caso fossem obrigados a ampliar a presença física nos escritórios. O estudo, realizado em 36 países, também mostra que a flexibilidade é hoje um dos principais fatores de retenção e satisfação profissional.
Cultura e processos estruturados
Entre as empresas que conseguiram consolidar o formato remoto está o TutorMundi, startup brasileira de educação que conecta alunos a tutores em tempo real. A empresa opera 100% a distância desde sua fundação e mantém a rotina organizada por meio de processos padronizados, acompanhamento diário e revisão semanal de metas (OKRs).
O sistema interno permite monitorar entregas e o progresso das atividades, além de manter uma agenda compartilhada para facilitar reuniões e comunicação entre equipes. Essa transparência operacional garante agilidade nas decisões e mantém o alinhamento entre os times.
Engajamento humano no ambiente digital
Mesmo com equipes distribuídas por diferentes regiões, o TutorMundi realiza ações de integração virtual para fortalecer o vínculo entre os funcionários. Encontros temáticos e atividades descontraídas, como o “Dia do Cabelo Maluco”, promovem leveza no cotidiano sem comprometer a disciplina e o ritmo operacional.
A combinação entre organização, clareza e cultura colaborativa sustenta o crescimento da plataforma, que ultrapassou 1 milhão de atendimentos educacionais, somando aulas particulares, orientações de estudo e plantões de dúvidas.
Para o fundador e CEO, Rapha Coe, o êxito do modelo remoto está na estrutura. “O trabalho à distância exige organização e processos. Quando as pessoas entendem o propósito do que fazem, o engajamento surge de forma natural”, afirma.
Tecnologia e empatia na gestão
Um estudo publicado no arXiv, intitulado Generative AI and the Transformation of Work in Latin America Brazil, indica que o avanço da inteligência artificial está remodelando as práticas de gestão e exigindo novas habilidades sociais e emocionais. As empresas que conseguem combinar tecnologia e empatia, segundo o relatório, são as que demonstram maior capacidade de adaptação e equilíbrio entre produtividade e bem-estar coletivo.
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