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Tarifaço dos EUA não é tragédia, é alerta para o Brasil, diz presidente do Sebrae

Décio Lima defende reação estratégica, aposta na força dos pequenos negócios e vê chance de ampliar exportações brasileiras

Tarifaço dos EUA não é tragédia, é alerta para o Brasil, diz presidente do Sebrae
Tarifaço dos EUA não é tragédia, é alerta para o Brasil, diz presidente do Sebrae
Bolsas em todo o mundo seguem em queda desde a imposição do tarifaço de Trump. Foto: Mandel NGAN / AFP
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O aumento das tarifas americanas sobre produtos brasileiros, anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi interpretado por Décio Lima, presidente do Sebrae, como um sinal para o Brasil repensar sua estratégia comercial. Para ele, a medida pode abrir caminho para a diversificação de mercados e o fortalecimento da economia nacional, especialmente por meio dos pequenos negócios.

Lima afirmou que o Brasil deve reagir com patriotismo. Para ele, a medida norte-americana é uma chance de o país reafirmar sua soberania econômica e buscar novos territórios comerciais.

“O Brasil tem capacidade produtiva, criatividade e vocação global. Essa taxação é um chamado à ação. Podemos fortalecer nossas cadeias produtivas e entrar em novos mercados”, disse.

Segundo ele, o impacto será mais sentido pelos próprios Estados Unidos. No Brasil, a consequência pode ser o fortalecimento da autoestima nacional e a valorização da produção interna.

Empreendedorismo e inclusão

O presidente do Sebrae mencionou a abertura de mais de 2,6 milhões de CNPJs neste ano como evidência da resiliência econômica brasileira. Ele também destacou que os pequenos negócios respondem por mais de 60% das vagas de emprego criadas no país.

Com base nesses dados, Lima defende que o Brasil está em posição favorável para enfrentar o aumento tarifário sem retroceder.

“Acreditar na força produtiva brasileira é o primeiro passo. Não devemos aceitar retrocessos em função de medidas externas. O Brasil é dos brasileiros e não será uma tarifa que irá nos limitar”, afirmou.

Criatividade e biodiversidade

Décio Lima ressaltou ainda que o Brasil possui ativos econômicos que vão além da produção industrial. A diversidade de biomas e o perfil criativo do empreendedor brasileiro são vistos por ele como diferenciais no cenário global.

“Os Estados Unidos não têm a mesma capacidade criativa que o Brasil. A resposta está na nossa economia pulverizada, que combina diversidade com inovação”, destacou.

Exportações dos pequenos negócios crescem

Segundo levantamento do Sebrae, houve aumento de 120% no número de empreendedores que passaram a exportar nos últimos dez anos. Esse crescimento contrasta com a alta de 29% registrada entre médias e grandes empresas no mesmo período.

Atualmente, os pequenos negócios representam 41% das empresas que exportam no Brasil. Ainda assim, movimentam apenas 0,9% do total exportado em recursos.

Mesmo com essa baixa representatividade financeira, os números absolutos cresceram. O valor comercializado por esses negócios aumentou 152% na última década. Em 2023, as exportações somaram US$ 2,8 bilhões — o melhor resultado desde 2020, superado apenas por 2021 e 2022.

América concentra maioria das exportações de pequenos negócios

Hoje, 68% das exportações dos pequenos negócios brasileiros estão concentradas no continente americano. A América do Sul responde por 28%, a América do Norte por 24%, e América Central e Caribe por 7%.

Décio Lima defende que há espaço para crescer além dessas regiões. Segundo ele, o momento atual pode impulsionar o ingresso em novos mercados e acelerar a inserção dos pequenos empreendedores brasileiros na economia global.

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