Do Micro Ao Macro
Selic em 15%: 5 dicas para microempreendedores enfrentarem os juros altos
Especialista indica caminhos para organizar as finanças, negociar crédito e evitar erros comuns até a queda da taxa prevista para 2026


O Banco Central manteve a taxa Selic em 15% ao ano, prolongando o custo elevado do crédito para micro e pequenas empresas. Com o capital de giro mais caro, os empreendedores enfrentam dificuldades para investir e até para manter operações básicas.
De acordo com o Mapa de Empresas, o Brasil possui 24,2 milhões de companhias ativas, sendo 93,8% micro e pequenos negócios. Entre maio e agosto de 2025, foram abertas 1,6 milhão de empresas, mas 942 mil encerraram as atividades no mesmo período.
“Muitos acabam recorrendo a recursos próprios ou a linhas alternativas, o que pressiona ainda mais o dia a dia do negócio”, afirma Fábio Saraiva, advogado e presidente da Conaje.
Perspectiva para os juros
Segundo o Boletim Focus, os primeiros cortes da taxa básica devem ocorrer apenas em 2026. A projeção é que a Selic termine o próximo ano em 12,25%. Até lá, especialistas recomendam ajustes imediatos de gestão.
Cinco dicas para enfrentar o cenário
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Reforce a gestão financeira – Controle custos, planeje o fluxo de caixa e separe contas pessoais das empresariais. Capacitação em finanças ajuda a melhorar resultados.
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Negocie prazos e parcerias – Ajustar condições com fornecedores e clientes pode aliviar o caixa rapidamente.
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Invista em digitalização – Ferramentas simples reduzem gastos operacionais e aumentam eficiência.
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Explore crédito alternativo – Cooperativas, fintechs e agências de fomento regionais podem oferecer condições melhores que os bancos tradicionais. Compare taxas, prazos e exigências.
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Evite armadilhas – Não assuma dívidas sem planejamento, nem use financiamentos longos para despesas de curto prazo.
Organização
Para Saraiva, quem se preparar terá vantagem quando os juros começarem a cair. “O crédito não vai ficar mais barato no curto prazo, então os empreendedores precisarão seguir com eficiência e inovação. A boa notícia é que, com a inflação sob controle e setores em recuperação, quem se organizar agora terá condições de atravessar esse momento e sair mais competitivo quando os juros começarem a cair”.
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