Do Micro Ao Macro
Segundo semestre começa com sinais mistos para micro e pequenas empresas
Comércio, inflação e consumo digital indicam caminhos estratégicos para o segundo semestre de 2025
O segundo semestre de 2025 começa com sinais mistos para micro e pequenas empresas. De um lado, o país registrou a abertura de 1,4 milhão de novos pequenos negócios apenas entre janeiro e março, segundo dados do portal gov.br. De outro, os indicadores econômicos apontam para uma fase de moderação, que exige atenção redobrada de empreendedores.
O Produto Interno Bruto (PIB) nacional avançou 1,4% no primeiro trimestre, impulsionado pelo setor de serviços, conforme o IBGE. A projeção para o ano, de acordo com o Boletim Focus do Banco Central, passou de 2,21% para 2,23%, com atualizações que indicaram picos de até 2,26%.
Ao mesmo tempo, a inflação segue trajetória de queda e atingiu 5,18%, o menor índice desde o início de 2025. Embora os dados sinalizem algum fôlego, o cenário continua exigindo cautela de quem empreende.
Comércio desacelera, mas sobe no acumulado
O varejo, um dos principais termômetros da economia, apresentou variações negativas nos últimos meses. Em maio, houve queda de 0,2% em relação a abril, mês que já havia registrado recuo de 0,4%, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE.
Ainda assim, o acumulado de 2025 registra alta de 2,2%, e nos últimos 12 meses o crescimento chega a 3%. Os números indicam uma desaceleração de curto prazo, mas não anulam a possibilidade de retomada com a chegada de datas comerciais importantes.
A expectativa do setor se volta agora para a Black Friday e o Natal. Em 2024, o comércio encerrou o ano com alta interanual de 2,0% em dezembro, puxado por segmentos como móveis e eletrodomésticos (10,2%), perfumaria (9,6%) e vestuário e calçados (3,4%).
Para negócios com estrutura enxuta, a leitura dos dados pode indicar nichos e sazonalidades com maior potencial de retorno no segundo semestre.
Digital impulsiona vendas das PMEs
O comércio digital segue como uma das frentes de maior dinamismo. Segundo levantamento da Nuvemshop, as micro e pequenas empresas que atuam online movimentaram R$ 3 bilhões em vendas no primeiro semestre de 2025. O volume representa alta de 50% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Foram mais de 40 milhões de produtos vendidos nesse canal, o que confirma o papel da digitalização como motor de escala e diversificação de receita. Mesmo em um ambiente de crescimento econômico moderado, o e-commerce mantém ritmo consistente de expansão.
Desempenho até o fim do ano
Rafael Caribé, CEO da Agilize Contabilidade, especializada em negócios de menor porte, avalia que o momento exige atenção ao ambiente macroeconômico. Para ele, “a oscilação de indicadores como consumo, crédito e inflação aponta para um semestre de ajustes graduais, o que deve refletir diretamente na operação dos pequenos negócios”.
Ele destaca ainda que o desempenho digital e a preparação para datas comerciais relevantes podem ser decisivos. “O comportamento do mercado nos próximos meses tende a influenciar diretamente os planos de expansão e o posicionamento competitivo das pequenas empresas em 2026”, afirma.
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