Do Micro Ao Macro
Rodadas de negócios aproximam produtores rurais de compradores internacionais na Expointer
Encontros em Esteio reúnem 30 pequenas empresas do Rio Grande do Sul e 12 importadores de sete países


Trinta pequenas empresas de 25 municípios gaúchos participam nesta quarta (3) e quinta-feira (4) de rodadas de negócios internacionais durante a 48ª Expointer, em Esteio (RS). A iniciativa é organizada pelo Sebrae em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a ApexBrasil, no âmbito do programa agroBR.
Os encontros reúnem 12 compradores do Canadá, Japão, Singapura, Paraguai, Argentina, Holanda e Taiwan. As empresas selecionadas atuam com frutas, noz pecan, mel e azeite de oliva. O objetivo é ampliar a presença desses negócios no comércio exterior.
agroBR
O agroBR oferece consultorias especializadas para produtores rurais e empresas de alimentos e bebidas interessadas em exportar. Segundo Roberta Aviz, coordenadora de Negócios Internacionais do Sebrae Nacional, a entrada do Sebrae no programa ampliou o alcance da iniciativa. “A participação do Sebrae permitiu que a CNA aumentasse o atendimento aos produtores”, afirmou.
Exportações
Entre as empresas participantes está a Apiários Adams, de 1984, que exporta em média dois contêineres de mel por semana. Os Estados Unidos já representaram metade da produção da empresa, mas o tarifaço imposto pelo país trouxe mudanças.
“O tarifaço me pegou, mas hoje um cliente aceitou pagar a tarifa. Isso mostra que ainda há demanda. Além disso, estamos em negociação com Inglaterra e Canadá”, disse o produtor Marcelo Giffhorn. Ele lembra que a empresa contou com apoio do Sebrae desde 1995, quando foi a primeira brasileira a participar da Apimondia, feira internacional de apicultura.
Outra estreante nas rodadas, a Zanette produz 2.500 toneladas de caqui, 1.800 toneladas de pêssego e 1.200 toneladas de ameixa a cada safra. A empresa atua em diversos estados brasileiros e já exporta para Bolívia, Argentina e Holanda.
Kelin Zanette, sócia da empresa, explica que a alta das tarifas nos Estados Unidos impacta de forma indireta. “Utilizamos caixas de madeira para embalagens, que são sobras de exportações. Meu fornecedor já informou que não terá mais disponibilidade por causa da queda nas vendas externas”, afirmou.
Novos mercados
Os compradores internacionais também destacaram oportunidades. Felipe Aveiro, representante da canadense Ibex Comm, disse que a empresa nasceu atendendo o “mercado da saudade”, com produtos voltados para brasileiros no Canadá. Hoje, já atua em grandes redes de distribuição. “O tarifaço nos EUA abriu espaço para empresas brasileiras competirem com preços mais competitivos no Canadá”, explicou.
Do Paraguai, Blanca Ameiro, gerente geral do mercado Abasto Norte, ressaltou o interesse em frutas, azeite de oliva e nozes produzidos no Rio Grande do Sul. “Espero que possamos fechar bons negócios”, afirmou.
Compradores
A seleção dos importadores foi conduzida pela consultora Beatriz Sandrim. Ela destacou que a escolha leva em conta o perfil da produção regional e as barreiras tarifárias, sanitárias e culturais existentes. Os Estados Unidos eram prioridade inicial, mas o tarifaço alterou os planos. “Os produtores passaram a buscar alternativas, e Canadá e Argentina se destacam como mercados mais procurados”, comentou.
Vitrine
Realizada no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, a Expointer é considerada uma das maiores feiras agropecuárias da América Latina. A edição de 2025 começou em 30 de agosto e segue até 7 de setembro. Após o evento, o agroBR organizará novas rodadas de negócios durante a Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte, e na e-Agro, em Salvador, ambas em novembro.
Diversificação
Roberta Aviz destaca que a diversificação de mercados é estratégica. “O tarifaço reforçou a importância de não depender de um único destino. A exportação amplia produtividade e competitividade”, disse.
O Sebrae também apoia a internacionalização por meio de rodadas virtuais e missões em feiras internacionais. Neste semestre, haverá participação de pequenos negócios em três eventos do agroBR: a Apimondia, na Dinamarca; a Fruit Attraction, em Madri; e a Expoalimentaria, no Peru. Cada feira contará com 15 empresas brasileiras selecionadas.
Segundo Roberta, o potencial de crescimento das exportações ainda é grande. “Apenas 11.400 pequenos negócios já exportaram. O Brasil pode multiplicar por dez esse número”, afirmou.
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