Do Micro Ao Macro
Renda de empreendedoras negras é 60% menor que a de homens brancos, aponta pesquisa
Estudo revela desigualdades no empreendedorismo e os desafios que mulheres negras enfrentam para crescer no mercado


Após perder o emprego, Edilaine Bueno, de Passos (MG), encontrou no artesanato uma forma de sustentar sua família. Produzindo bonecas de crochê conhecidas como “Amigurumis”, ela gera cerca de R$ 1.500 por mês.
Sem uma ampla rede de apoio, Edilaine contou com o incentivo da família para iniciar seu negócio. Atualmente, participa de mentorias para impulsionar vendas e expandir sua presença no mercado digital, explorando ferramentas como lojas integradas no Instagram.
Desigualdade de renda no empreendedorismo ainda é expressiva
De acordo com um levantamento do Sebrae, a diferença de rendimento entre empreendedoras e empreendedores vem diminuindo. Entre 2019 e 2023, a renda de mulheres empresárias aumentou 5,7%, superando o crescimento de 4,5% registrado pelos homens. Apesar disso, elas ainda ganham, em média, 30% menos que seus pares masculinos.
O recorte racial traz um cenário ainda mais desigual. Margarete Coelho, diretora do Sebrae, aponta que a renda de empreendedoras negras é mais de 60% inferior à de empreendedores brancos homens. “As mulheres negras continuam enfrentando desafios maiores, incluindo barreiras culturais e sociais que limitam o avanço de seus negócios”, destacou.
Taxas de juros dificultam crescimento de mulheres empreendedoras
Outro entrave identificado é o custo do crédito. Negócios liderados por mulheres enfrentam taxas de juros, em média, quatro pontos percentuais superiores às oferecidas a empresas comandadas por homens.
Durante a Semana da Consciência Negra, Margarete reforçou a necessidade de políticas públicas para abrir novos espaços e equilibrar a competição. Esses esforços, segundo ela, podem ajudar a enfrentar os obstáculos enfrentados por empreendedoras, especialmente as negras, no mercado brasileiro.
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