Do Micro Ao Macro
Quem paga a conta da alta na Selic são os pequenos negócios e as famílias mais pobres, diz presidente do Sebrae
Décio Lima avalia como retrocesso a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central que elevou a taxa básica de juros para 10,75% ao ano


A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) que eleva a taxa básica de juros (Selic) de 10,5% ao ano para 10,75%, anunciada nesta quarta-feira (18) pelo Banco Central (BC), terá impacto negativos para os pequenos negócios, além de enfraquecer o empreendedorismo, a geração de empregos e a distribuição de renda no país. É o que defende o presidente do Sebrae, Décio Lima.
“Estamos com a segunda maior taxa real de juros no mundo e quem paga a conta do aumento da Selic são as micro e pequenas empresas, incluindo as famílias mais pobres, que já sofrem tanto para manter as portas dos seus negócios abertas”, argumenta Lima.
“Diante de índices tão positivos, como a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto acima dos 3%, não há motivos para retrocessos.
inflação está controlada, a renda aumentou e a qualidade de vida melhorou. É inconcebível uma decisão como esta diante da realidade que o povo brasileiro está vivendo”, completa.
“A elevação da taxa básica de juros prejudica o governo, os consumidores, as empresas e principalmente os pequenos negócios.
Reduzir os juros faz com que a gente democratize o acesso ao crédito no país”, adiciona Décio Lima.
Recentemente, com a taxa Selic em 10,5% ao ano, o Sebrae apresentou um estudo em que a média das taxas cobradas dos pequenos negócios nas instituições financeiras era quatro vezes maior (44%), atingindo o patamar de 51% para os microempreendedores individuais (MEI) da Região Nordeste.
Taxa Selic
A taxa básica de juros, também conhecida como Selic, é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional e serve de referência para as demais taxas da economia.
Ela é a principal ferramenta do Banco Central para manter a inflação sob controle.
A alta da Selic causa reflexos nos preços – juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Além disso, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.