Do Micro Ao Macro
Programa de depreciação acelerada incentiva investimentos na indústria brasileira
Empresas de 23 setores podem aproveitar deduções tributárias para modernizar seu parque industrial e investir em inovação


Desde 13 de setembro, as empresas já podem aderir ao Programa de Depreciação Acelerada, regulamentado pelo Decreto nº 12.175. O programa beneficia 23 setores da economia e busca reduzir a carga tributária sobre novos investimentos.
Essa iniciativa permite que as empresas deduzam o valor de novos bens de capital, como máquinas e equipamentos, em apenas dois anos. Elas podem abater 50% no ano da aquisição e os outros 50% no ano seguinte.
Nesta primeira fase, o governo federal liberou R$ 3,4 bilhões em créditos financeiros para a compra de máquinas e equipamentos. Desse total, R$ 1,7 bilhão será destinado a este ano, com o restante previsto para o próximo.
Impacto fiscal e fluxo de caixa
Mesmo com o incentivo, o governo não sofrerá impacto fiscal negativo. Isso porque o abatimento é, na verdade, uma antecipação dos impostos que serão recuperados nos anos seguintes.
Tradicionalmente, o processo de depreciação de bens levava até 20 anos. Agora, com a aceleração, espera-se uma redução média de 4% a 4,5% no custo de aquisição de equipamentos.
Oportunidade para empresas
Welinton Mota, diretor tributário da Confirp Contabilidade, afirma que o programa oferece uma oportunidade para as empresas investirem em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). A aceleração da depreciação pode reduzir custos operacionais, permitindo que mais recursos sejam direcionados à inovação e ao aprimoramento dos processos.
Além disso, Mota sugere que as empresas busquem apoio especializado de contabilidades e escritórios de advocacia. Esse suporte pode ajudar a maximizar os benefícios do programa.
Ele também ressalta a importância de as empresas avaliarem como aplicar esse incentivo de forma eficaz em suas operações.
Setores beneficiados
O programa abrange diversos setores, como a fabricação de tintas, produtos farmacêuticos, plásticos, metalurgia, calçados e construção civil. O governo federal optou por setores que não possuem regimes especiais de tributação, ampliando o acesso ao incentivo.
O governo estima que essa medida pode gerar até R$ 20 bilhões em novos investimentos. Isso pode ter um impacto positivo no Produto Interno Bruto (PIB) e na criação de novos empregos, contribuindo para a recuperação econômica.
Pontos importantes do programa
A Confirp destacou alguns pontos centrais do programa. Em primeiro lugar, a depreciação acelerada é aplicável a máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos do ativo imobilizado que estão sujeitos a desgaste.
Entretanto, a depreciação não é permitida para edifícios, terrenos, projetos florestais e bens que aumentam de valor, como obras de arte. Além disso, bens com registro de quota de exaustão também não se qualificam.
Empresas que aderirem ao programa podem deduzir 50% do valor dos bens no ano de instalação e outros 50% no ano seguinte. A depreciação será registrada nos sistemas e-Lalur e e-Lacs, usados para a apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL.
Depreciação por turnos de trabalho
O programa também prevê variações na depreciação com base no uso do equipamento. Empresas que operam dois turnos de 8 horas têm um coeficiente de depreciação de 1,5. Para aquelas que operam três turnos de 8 horas, o coeficiente é de 2,0.
Mota destaca que as empresas devem avaliar suas necessidades de modernização e inovação. O investimento em novos equipamentos pode aumentar a eficiência operacional e melhorar a competitividade em um mercado cada vez mais exigente.
As empresas interessadas têm até 31 de dezembro de 2025 para aderir ao programa por meio da Receita Federal.
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