Do Micro Ao Macro

Produtores de Paranaíta transformam agricultura familiar em fonte de renda

Com apoio do Sebrae/MT, agricultores familiares adotaram gestão e boas práticas, criaram cooperativa e garantiram renda estável na região.

Produtores de Paranaíta transformam agricultura familiar em fonte de renda
Produtores de Paranaíta transformam agricultura familiar em fonte de renda
O produtor rural recebe orientação técnica sobre o manejo das hortaliças — trabalho conjunto que vem transformando a produção local em Paranaíta (MT). - Fotos: Hubner Lima
Apoie Siga-nos no

Em Paranaíta, norte de Mato Grosso, pequenos produtores rurais deixaram para trás a agricultura de subsistência e passaram a viver do que colhem.

O avanço foi possível com o apoio do Sebrae/MT, que levou conhecimento técnico, gestão e estímulo à cooperação entre famílias da região.

Quando chegou ao município em 2009, Celso Justino Konzen não imaginava que sua principal fonte de renda viria da terra.

“Vim sem conhecer ninguém, comprei o Sítio Castanheira e decidi tentar”, lembra. Durante anos, plantou milho, arroz e feijão, mas sem retorno. Para manter as contas, pescava e vendia o que conseguia.

A mudança começou em 2017, com as primeiras consultorias do Sebrae/MT. “Aprendi que o solo daqui é diferente do Sul. Com orientação, entendi como adubar, cuidar da terra e planejar o plantio”, conta o agricultor. Desde então, o sítio passou a produzir hortaliças em escala comercial. Hoje, Celso integra a Coopervila, cooperativa com 41 produtores que abastecem escolas, hospitais, programas sociais e clientes por delivery.

Agricultura que gera renda e organização

A experiência de Celso se repete em dezenas de propriedades da região. A atuação do Sebrae Mato Grosso começou em 2018, com parceria da Usina Teles Pires e da Prefeitura de Paranaíta, e teve como meta fortalecer a agricultura familiar e torná-la rentável.

Segundo Adriano Cabreira, coordenador do Sebrae em Alta Floresta, o diferencial foi aproximar o agricultor da gestão.

“As consultorias vão do plantio à venda, com foco em qualidade, rastreabilidade e eficiência em cada etapa”, explica. O resultado é um produto competitivo e uma comunidade mais estruturada.

Além das orientações técnicas, os produtores recebem apoio para controle de custos, fluxo de produção e comercialização.

Assim, garantem que os alimentos mantenham qualidade desde o campo até a mesa — seja em supermercados, seja na merenda escolar.

Cooperação como caminho de crescimento

Fundada em 2011, a Coopervila encontrou no Sebrae/MT um aliado para se desenvolver. O presidente da cooperativa, Sulivan Fernando da Silva, afirma que o trabalho conjunto mudou a forma de atuar.

“As consultorias trouxeram gestão e inovação. Isso fez diferença para o grupo e para cada produtor”, diz.

Atualmente, a cooperativa comercializa mais de 40 produtos, com destaque para a melancia, principal cultivo da fruticultura local.

Em 2024, foram colhidas 190 toneladas, destinadas ao comércio, à merenda escolar e a programas sociais de Paranaíta e Alta Floresta.

Sulivan acrescenta que o trabalho vai além do campo. “Estamos reestruturando toda a operação, criando processos e padrões. Crescemos para organizar e organizamos para crescer”, afirma.

Produzir com técnica e propósito

O resultado do esforço conjunto aparece em cada caixa que sai da cooperativa. O que antes era subsistência hoje representa renda, autonomia e estabilidade para dezenas de famílias.

Segundo Cabreira, do Sebrae/MT, o aprendizado é o principal legado. “As consultorias mostram que o pequeno produtor pode evoluir, inovar e prosperar com planejamento e união.”

Neste 17 de outubro, Dia da Agricultura, Paranaíta celebra a colheita do conhecimento: um território em que o trabalho coletivo se converte em desenvolvimento e o saber faz florescer o futuro do campo.

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo