Do Micro Ao Macro

Procons de 18 estados discutem riscos dos novos ‘planos de saúde’ em estudos pela ANS

Órgãos de defesa do consumidor alertam para riscos à população e subsegmentação do atendimento

Procons de 18 estados discutem riscos dos novos ‘planos de saúde’ em estudos pela ANS
Procons de 18 estados discutem riscos dos novos ‘planos de saúde’ em estudos pela ANS
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Representantes de Procons de 18 estados e da Associação Procons Brasil se reuniram no dia 20 de março, em encontro convocado pelo Procon-SP, para discutir os riscos da proposta da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que autoriza a criação de novos produtos no setor de planos de saúde.

Segundo os participantes, os produtos em estudo oferecem coberturas restritas, com consultas e exames eletivos, sem atendimento de urgência, emergência ou terapias.

De acordo com o diretor executivo do Procon-SP, Luiz Orsatti Filho, os novos formatos “não asseguram o tratamento completo ao paciente, o que pode forçá-lo a reiniciar o processo no SUS após o diagnóstico”.

Ofertas limitadas e sem cobertura emergencial preocupam

O Procon-SP é contrário à proposta. A fundação avalia que os novos planos representam retrocesso em direitos garantidos.

Segundo o órgão, as operadoras poderão comercializar produtos com atendimento ambulatorial incompleto, o que exclui, por exemplo, a obrigatoriedade de serviços emergenciais.

Além disso, o modelo prevê autorização em caráter experimental, o que, para os órgãos de defesa do consumidor, é um risco em um setor que lida com a saúde das pessoas.

Para Luiz Orsatti Filho, “o caráter experimental cria uma subsegmentação e compromete o acesso contínuo ao tratamento”.

Coparticipação e regulação de acesso também estão em pauta

A proposta em análise prevê ainda a possibilidade de coparticipação de até 30%. No entanto, essa cobrança seria dispensada em contratos que incluam regras como porta de entrada, rede direcionada ou hierarquização do acesso.

Esse formato pode limitar ainda mais o atendimento, de acordo com os Procons.

Outro ponto levantado durante a reunião é a falta de clareza sobre como esses produtos serão vendidos.

Segundo os especialistas, consumidores podem ser induzidos a erro, especialmente por desconhecerem os limites do novo modelo, ainda mais quando comparado ao padrão atual dos planos ambulatoriais.

Órgãos alinham posição conjunta sobre o tema

Durante o encontro, os representantes destacaram a necessidade de alertar a população. Para os Procons, é preciso informar com clareza o que está sendo discutido, quais são as limitações e como essas mudanças podem afetar o atendimento à saúde.

A proposta da ANS será novamente debatida na próxima semana, em reunião presencial com representantes de Procons de todo o país, em Vitória (ES).

Participaram da reunião representantes de Minas Gerais, Paraná, Amazonas, Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco, Amapá, Acre, Pará, Tocantins, Maranhão, Roraima, Rio Grande do Norte, Sergipe, Goiás, Ceará e Rio Grande do Sul.

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